Desde que assumiu o Palácio Rio Branco no início do ano, o progressista Gladson Cameli enfrenta uma série de dificuldades para manter o mínimo de equilíbrio e coesão em sua equipe de governo. Semanalmente, os acreanos leem no noticiário as trapalhadas palacianas para manter em ordem os comandos das secretarias, o chamado primeiro escalão.
Em uma noite se dorme secretário ou secretária, e no outro dia - ao se abrir o Diário Oficial - lá está publicada a demissão. A oposição, desde o começo do ano, aponta o Diário Oficial como o principal adversário do governo, e não os oposicionistas. Esta bagunça institucionalizada é perceptível não apenas no andar de cima do governo, mas também no de baixo, envolvendo o, digamos, “baixo clero”, onde estão os cargos em comissão.
Nem mesmo os chamados CECs 1 ou 2 estão livres das demissões e nomeações constantes da caneta de Gladson Cameli. Basta se fazer uma leitura cotidiana do Diário Oficial para se ter uma noção da balbúrdia em que se encontra o governo do PP. A conclusão que se pode tirar disso tudo é que, no governo Gladson Cameli, nada é constante.
O reflexo desta dança da cadeiras na administração pública está a precarização dos serviços públicos para o cidadão na ponta. Sem pessoal qualificado e capaz de dominar o conhecimento básico sobre gestão governamental, atendimentos simples (como emissão de carteira de identidade na OCA) ficam comprometidoa.
Quando a questão é mais complexa, como na Saúde, a situação é ainda mais crítica. Em 10 meses de governo, Gladson Cameli se prepara escolher um terceiro nome para chefiar a pasta. A última chegou até a ser importada de Brasília, vindo com alguma frequência ao estado cuidar das unidades hospitalares.
A consequência é a grande reclamação da população que depende do Sistema Único de Saúde, como a falta de medicamentos básicos nas farmácias dos hospitais e UPAs.
Toda esta bagunça institucional é reflexo da briga por poder e espaço entre os partidos da base de sustentação do governador e da escolha de pessoas erradas para ocupar postos-chaves. Enquanto o chefe do governo não adota uma postura mais firme, assumindo de vez o poder que lhe foi dado pelos eleitores nas urnas, a população é quem vai pagando o pato.