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POLÍTICA

Há 50 dias no poder, governo Gladson dá sinais de acertos e trapalhadas

O governo Gladson Cameli completa essa semana 50 dias de exercício do poder. Apesar de ser um período curto, foi agitado e bastante tumultuado. Ainda é muito cedo para fazer uma análise do que serão os próximos quatro anos, mas, ao se fazer um retrospecto, percebe-se que muitas coisas precisam ser mudadas caso os atuais mandatários do estado não queiram ficar apenas por um mandato no Palácio Rio Branco.

A gestão Cameli passa a impressão de ter sido muito boa enquanto estava no período da transição – ou sejam quando ainda era oposição. A reforma administrativa que realizou na estrutura do Executivo era mais do que necessária. Ou assim procedia, ou o governo começaria num colapso total diante do inchaço em que se encontrava a máquina.

Gladson Cameli assumiu o governo num momento de grave crise nas receitas, agravada por uma enorme estrutura de órgãos públicos - muitos deles com raraa utilidade para a população - disponibilizando milhares de cargos políticos apenas para acomodar aliados da gestão Tião Viana (PT).

Com isso, desde 1º de janeiro o atual governador tem recorrido com frequência ao discurso de que recebeu uma “herança maldita” de seu antecessor - sendo o não pagamento integral do 13º salário dos servidores públicos a principal delas. Até os primeiros dias era compreensível e tolerável as lamúrias de Gladson Cameli.

Chegando à segunda metade de fevereiro, esses discursos vão perdendo eco entre os setores da opinião pública. Na semana passada o governador convocou a imprensa para ... reclamar da situação financeira do estado. Paralelo a isso, Cameli vem nomeando aliados de última hora para cargos com salários altíssimos.

O governador também parece não estar disposto, até o momento, em cortar na própria carne, reduzindo o seu salário e o do primeiro escalão, que em 2019 teve um gordo reajuste por conta do aumento do teto do funcionalismo puxado pelo contracheque dos ministros do Supremo Tribunal Federal.

Enquanto isso, os velhos problemas do Acre persistem. Os hospitais estão abarrotados, as reclamações continuam, a segurança (ou insegurança) pública aterroriza a sociedade, e a infraestrutura do estado está caótica, sem perspectivas de melhorias a curto e a médio prazos.

Nestes três setores mais sensíveis, o governo enfrenta sérios problemas, sendo que na saúde houve a contribuição dos novos gestores. O retorno de atendimentos ambulatoriais no Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb) só agravou a situação de uma unidade já conhecida por ser caótica.

Na Segurança, o titular da pasta falou demais, e disse que em 10 dias a população poderia voltar a andar tranquilamente pelas ruas. Em um mês, foram 30 assassinatos - média de um por dia. A gestão da Segurança ficou na berlinda com a suspeita de que o secretário de Polícia Civil, Rêmulo Diniz, teria ligações com facções criminosas – tal episódio colocou o governo em sua primeira crise.

No campo das finanças, a gestão progressista conseguiu sobreviver ao pagar, no último dia 31, o salário de janeiro dos servidores. Diante do rombo fiscal (termo bastante evocado por Cameli), estava até imprevisível saber se isso de fato ocorreria dentro do mês.

Atrasar ou deixar de pagar o salário dos servidores pela antiga oposição foi o principal terrorismo eleitoral usado pelos governos petistas para se perpetuar no poder durante duas décadas.

Cameli não apenas conseguiu o feito de manter em dias a folha do funcionalismo, como a sua equipe econômica fez a contabilidade para conseguir R$ 70 milhões para arcar com a segunda metade do 13º deixada por Tião Viana.

No campo político, Gladson vem cometendo erros na composição do segundo escalão, colocando pessoas erradas nos lugares errados. O discurso eleitoral de que faria um governo técnico não se concretiza na prática.

O loteamento de cargos importantes baseado apenas no critério de quem indicou, pode comprometer o bom funcionamento da máquina, e, futuramente, colocar o Palácio Rio Branco em maus lençóis.

Cameli vem sendo pressionado para “despetizar” sua gestão - ou seja, demitir todos os ocupantes de cargos públicos que até outubro passado estavam vestidos de vermelho, pedindo votos para o PT.

Se fizesse isso de imediato, a máquina estadual pararia de funcionar, pois elas são as pessoas certas nos lugares certos por terem obtido, nos últimos anos, a qualificação técnica necessária para gerenciar o estado.

Colocar o governo no calvário ainda é muito cedo. Mas, se começar a corrigir esses erros desde agora, as chances de lá na frente o ser avaliado como bem-sucedido são altas. Não há, no momento, como avaliá-lo de forma positiva ou negativa. Só os próximos meses nos darão a resposta.