Na sessão desta quarta-feira, 3, na Câmara Municipal de Rio Branco, o vereador João Paulo (Podemos) fez um duro pronunciamento contra a Prefeitura, acusando o Executivo de ter ignorado uma proposta sua que buscava garantir atendimento em Língua Brasileira de Sinais (Libras) nas unidades de Saúde do município.
O parlamentar afirmou que a gestão municipal apropriou-se da ideia após rejeitá-la na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e ainda tentou deslegitimar sua atuação legislativa. “Passaram manteiga na venta dos vereadores”, declarou João Paulo ao iniciar sua fala, denunciando o que classificou como desrespeito ao Poder Legislativo.
O vereador relembrou que, em 9 de maio, recebeu na Câmara representantes da comunidade surda, incluindo a professora Laira, presidente de entidade ligada à defesa dos direitos das pessoas com deficiência auditiva.
A partir desse encontro e de uma audiência pública promovida pela Clínica Governadora Marilza, no Museu do Alto da Floresta, João Paulo disse ter elaborado uma emenda à LDO propondo a inclusão de profissionais capacitados em Libras em todas as unidades de saúde de Rio Branco.
Segundo ele, contudo, a proposta foi rejeitada pela Prefeitura sob a justificativa de que “não caberia” na LDO.
“A Prefeitura de Rio Branco negou, tirou, disse que não cabia dentro da LDO. Passaram manteiga nas nossas ventas mais uma vez. E a maioria de nós se deixou levar por um parecer que não tinha fundamento adequado”, criticou.
O parlamentar relatou ainda sua surpresa ao ver, na edição desta manhã de um jornal local, a notícia de que o município teria criado uma política para garantir atendimento em Libras — medida semelhante à que ele havia sugerido meses antes.
“Então pega a ideia do vereador, joga para dentro do Executivo e dá uma canelada (…) no vereador. Está dado o recado mais uma vez. Passaram manteiga na nossa venta”, disse, comparando a situação a uma jogada desleal no futebol.
João alertou que a situação pode se repetir na votação do orçamento municipal caso os parlamentares não estejam atentos. “A pior coisa é você ser enganado. Eu fui enganado pela Prefeitura de Rio Branco. (…) Taparam a minha voz, só que aqui eu não vou ficar parado. Eu vou fazer o meu papel de vereador”, afirmou.
Ao final do discurso, reforçou que continuará defendendo a comunidade surda e as pessoas com deficiência. “Nós fomos enganados. (…) Mas quem tem voz tem parlamento. Nós estamos no parlamento para ser a voz das pessoas”, concluiu.