A grave crise na saúde pública do Acre que resultou na morte de ao menos 12 crianças foi destaque na Câmara Federal, nesta terça-feira, 05, durante audiência pública com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. A situação foi exposta e denunciada pelo deputado federal Leo de Brito (PT) que fez um apelo ao gestor do Ministério da Saúde.
“É uma situação de muita gravidade. Nos últimos dois meses, inclusive nesta semana, não sei se é do conhecimento de vossa excelência, 12 crianças faleceram vítimas de síndrome respiratória aguda no meu Estado”, salientou.
O parlamentar acreano lembrou que há duas semanas a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Cristiane Britto, esteve no Acre e no ato que participava houve um protesto das mães das crianças que faleceram.
“A ministra disse que ia tomar providências. Quero saber se o Ministério da Saúde tem conhecimento dessa situação e se está tomando providências?”, questionou.
Leo de Brito destacou que desde o início deste ano o país registra, nas unidades de saúde públicas e privadas, crescimento nos casos de síndrome respiratória aguda. O deputado federal questionou se houve alguma uma orientação, para os Estados, por parte do Ministério da Saúde, com relação a esse crescimento de casos e se seria o caso da Força Nacional de Saúde vir a visitar o Acre.
“Faço um apelo para que trate essa situação com muito carinho porque é uma situação de extrema gravidade. Nós temos várias UTI’s que foram abertas no Estado do Acre, durante a pandemia, mas foram fechadas e agora, o governo do Estado diz que essas unidades de terapia estão à disposição, mas essas crianças morreram por falta de leito de UTI. Tem uma propaganda do governo do Estado sendo veiculada sobre a Saúde, mas a realidade é que essas crianças morreram por falta de leitos”, declarou.
Gabinete paralelo na Saúde
Ainda durante a audiência com Queiroga, Leo de Brito questionou o ministro sobre as acusações de que seu filho, Antônio Cristóvão Neto, o Queiroguinha, pré-candidato a deputado federal pelo Partido Liberal (PL) na Paraíba, estaria usando o nome do ministro para ter apoio de prefeitos paraibanos para ter liberação de recursos junto ao Ministério da Saúde.
“Nós já vimos essa situação acontecer no MEC [Ministério da Educação], de pessoas que não são do governo federal fazer tráfico de influências. Vimos outras situações também e agora temos indícios de mais um gabinete paralelo. Por isso, fomos para cima do ministro e pedimos explicações sobre essa situação gravíssima”, enfatizou Leo.
Apesar de Queiroguinha estar sendo investigado pelo do Ministério Público Federal (MPF) por suposto tráfico de influência e improbidade administrativa, e de ter estado ao menos 30 vezes no Palácio do Planalto e no Ministério da Saúde, o ministro negou que seu filho fale em nome do governo federal. “Ele [Queiroguinha] fala no sentido do governo do presidente Bolsonaro”, alegou o ministro.