Um dado importante passou quase despercebido pela imprensa acreana dito na coletiva com a cúpula da Igreja Católica e a administração do Santa Juliana. Trata-se do número expressivo de pacientes cardíacos que há dois anos esperam por uma cirurgia cardíaca. Lista é extensa, e conta com 70 pacientes.
A maioria das cirurgias cardíacas tem caráter de urgência para sua realização, mas o detalhe é ignorado e os pacientes do SUS além de aguardar o andamento da fila, agora, vivem a incerteza com a iminente notícia do fim dos contratos com o Hospital Santa Juliana a partir do dia 31 de março. Sobre esse aspecto, Dom Joaquim Pertiñez, bispo da Diocese de Rio Branco, ressaltou que todas denúncias foram levadas ao Ministério Público Estadual (MPAC)
“Ministério Público faz dois anos, fomos várias vezes ao Ministério Público denunciar a questão das cirurgias cardíacas, Ministério Público também não mexeu um dedo. Quantas pessoas já morreram por culpa das cirurgias cardíacas estarem paradas e suspensas no Hospital Santa Juliana? Isso ninguém sabe, ninguém leva conta porque faz dois anos que mais de 70 pessoas estão na lista de espera, segundo o doutor Gláucio do Ministério Público Estadual. Por que não fizeram nada, por que não provocaram o governo? Não sei. Mas tem ata das nossas denúncias. Porque só quando a Justiça obrigava o Estado a fazer a cirurgia cardíaca e penalizava o Estado aí o dinheiro aparecia e aconteciam as cirurgias”, disse o bispo.
A respeito de todo esse imbróglio em torno do não pagamento de repasses da Saúde ao Santa Juliana pelo governo do Acre e a não discussão da renovação do contrato com o maior hospital privado do Estado e que mantém parceria com SUS, uma reunião estava marcada para acontecer na Casa Civil, mas foi cancelada porque o governador Gladson Cameli (PP) sentiu necessidade de se inteirar melhor dos números.
“Simplesmente cancelaram a reunião sob alegação de que o governador estava se inteirando dos números. É lamentável. É a população quem mais sofre”, disse o administrador da Diocese de Rio Branco, padre Jairo Coelho.
O coração pede socorro
Além do infarto, outra doença silenciosa, mas que tem cura somente a partir da realização de cirurgia é a estenose aórtica, ou seja, o estreitamento da válvula aórtica. Segundo os cardiologistas intervencionistas, pacientes com a doença tem um tempo de vida de um a dois anos se nada for feito após o aparecimento dos primeiros sintomas. No Acre, não há registro do quantitativo de casos que foram a óbito devido à estenose aórtica, porém ela é uma das responsáveis pela morte súbita.