A deputada federal Mara Rocha (PSDB), campeã de votos na última eleição para a Câmara dos Deputados, ainda não definiu oficialmente sua posição na Casa: se integra a base de apoio do governo Jair Bolsonaro, se é oposição ou, como virou moda, integrante da bancada dos independentes.
Diante da decisão do governo de cortar o orçamento das instituições federais de ensino, a tucana tenta pegar carona na onda de críticas que a medida vem sofrendo.
Porém, ao mesmo tempo, não recorre a um tom mais duro para evitar desgastes numa eventual aproximação com o Palácio do Planalto, além de não querer desagradar seu eleitorado mais conservador e apoiador das medidas de Bolsonaro.
Durante reunião da bancada do PSDB na Câmara, Mara Rocha criticou o corte de verbas feito pelo Ministério da Educação, mostrando os impactos que podem acontecer no Acre. Somente a Universidade Federal do Acre (Ufac) pode perder mais de R$ 15 milhões, o que comprometerá o funcionamento do ano letivo.
“Sou oriunda do Acre, estado da federação que ostenta, com orgulho, a excelência da sua universidade federal e do seu instituto federal de educação, dois exemplos de produção científica e de interiorização da educação”, afirmou.
Segundo a parlamentar tucana, o corte proposto pelo governo inviabilizará o funcionamento dessas instituições de ensino e ocasionará um atraso na produção científica e tecnológica do país.
Logo após as críticas, a tucana tentou amenizar a situação, fazendo elogios a Jair Bolsonaro, ressaltando os 57 milhões de votos recebidos nas urnas, dizendo que ele foi eleito com a promessa de realizar “o desenvolvimento econômico sem viés ideológico, o que não será possível se o Brasil estiver atrasado no aspecto educacional”.
Para evitar ainda mais ranhuras na imagem do governo Bolsonaro, a tucana defendeu até o uso da polícia dentro das universidades para investigar as possíveis “balbúrdias” afirmadas pelo ministro da Educação como justificativa para passar a tesoura no orçamento universitário.
“Se a manifestação for financiada com verba pública, penalize-se o reitor, se a manifestação for financiada com dinheiro particular, que as autoridades policiais venham coibir os abusos, mas não se pode punir aleatoriamente”, defendeu ela.
Para remediar o discurso do bate-e-assopra, a deputada defendeu o conhecido corte na própria carne para evitar a tesourada presidencial nas verbas da Educação pública.
“Se há necessidade de cortes no orçamento, que seja feito em outras áreas, que se corte nas diárias dos órgãos públicos, que se corte nas verbas que utilizamos para o exercício da nossa atividade parlamentar, que se corte nos cargos comissionados. Só não podemos concordar com o corte no nosso futuro”, disse.