A ex-senadora do Acre e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva disse que o projeto da rodovia que liga Cruzeiro do Sul a Pucallpa, no Peru, é inviável do ponto de vista ambiental, social e cultural. A ideia da construção é defendida pelo senador Marcio Bittar (Sem Partido) e pela deputada federal Mara Rocha (PSDB).
Marina explica que a rodovia vai cortar uma das regiões mais ricas em biodiversidade, afetando diretamente as populações locais. Para ela, os investimentos deveriam ser no fortalecimento do turismo, seja de observação, seja científico.
“Esse projeto do jeito que está proposto, ele não atende os pré-requisitos da viabilidade ambiental, da viabilidade social e cultura. Por que? Afeta uma região altamente importante para a preservação da biodiversidade. Nós temos um potencial diferente para essas áreas que tem a ver com o turismo: turismo de observação, turismo cientifico”, disse Marina Silva em entrevista à Rádio Cidade.
Ao ser questionada pelo jornalista Itaan Arruda sobre o discurso utilizado, principalmente pelo senador Marcio Bittar, de que na Noruega e na Alemanha se exploram os recursos minerais de forma deliberada e por outro lado, estes mesmos países impõem ao Brasil uma agenda ambiental rígida, Marina disse que essa é uma ideia falsa.
“Esse argumento é um argumento que trabalha com o falseamento da realidade, no sentido de reivindicar os erros que vem acontecendo no mundo e os erros cometidos no passado. É como se alguém dissesse: ‘bem, em algumas regiões do mundo para poder se desenvolver, foi preciso escravizar os povos da África. Então vamos reivindicar o direito de continuar a fazer a mesma coisa’. Não é assim que você faz o avanço civilizatório. Se tem alguém que continua fazendo o uso de atividades econômicas que estão destruindo as condições que promovem e sustentam a vida, nós não devemos reivindicar e repetir o mesmo erro. Podemos fazer diferente”, destacou.