As cirurgias cardíacas estão suspensas na Fundação Hospitalar do Acre (Fundhacre) desde o início de janeiro, após os médicos decidiram não trabalhar mais sem que a Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) pague os três meses de salários atrasados que há em aberto. A denúncia foi feita nesta quinta-feira, dia 30.
Uma das médicas que atuam na unidade de saúde contou ao portal Notícias da Hora que a decisão dos colegas foi porque eles já não aguentam mais custear a estadia em solo acreano com dinheiro do bolso ou com cartão de crédito. Ela alerta que pelo menos seis pacientes podem morrer sem as cirurgias.
“Na UTI tem vários pacientes precisando de cirurgia, um deles já está em coma. Se o governo não correr, o secretário não correr em resolver o problema com os médicos, vamos ter cerca de dez famílias em luto até o início da semana que vem. São cirurgias eletivas, mas que necessitam de prioridade, urgência”, conta a médica.
Outro profissional, desta vez um enfermeiro, comentou que apesar de não faltar materiais extremamente necessários na UTI, os pacientes podem não resistir à demora para feitura de cirurgias. “Um deles está entubado há uma semana, é do interior, e a família já não sabe mais a quem recorrer. É preciso atitude do governador, do secretário, porque eles estão parados pelo que a gente vê”, acredita o enfermeiro.
A irmã do paciente Charles Menezes, que está esperando uma cirurgia para a troca da válvula mitral do coração, Charliane Menezes, também contou que o irmão corre risco de vida e que estão aguardando a cirurgia desde dezembro, quando foi detectado que o irmão já havia inclusive infartado. Charles está na UTI da Fundação Hospitalar do Acre.
“É uma situação muito delicada a do meu irmão. Ele internado em dezembro no pronto-socorro lá de Cruzeiro do Sul, e a médica avaliou e disse que podia ter alta. Lutamos e conseguimos o TFD dele para Rio Branco. Aqui, a médica disse que ele já tinha infartado. De lá pra cá, ele só piorou e já foi entubado”, comenta.
Segundo a Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre), o pagamento da empresa que fornece médicos cardiologistas está de fato atrasado há três meses, mas o processo de pagamento dos profissionais já está em fase final, e até o início de fevereiro, as cirurgias já devem ser retomadas. A de Charles, contudo, deverá ser apenas na segunda semana do mês.