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POLÍTICA

Ministério da Saúde suspende contrato para compra da Covaxin

Ministério da Saúde suspende contrato para compra da Covaxin

Medida foi orientada pela CGU. Vacina se tornou um dos alvos da CPI da Covid

BRASÍLIA — O Ministério da Saúde decidiu suspender nesta terça-feira o contrato para aquisição de 20 milhões de doses da vacina Covaxin. A medida foi uma recomendação feita pela Controladoria Geral da União (CGU). O pedido da CGU chegou nesta tarde e, no momento, a Consultoria Jurídica da pasta analisa como formalizar a suspensão.

O órgão pediu extensão de prazo para apurar supostas irregularidades no contrato. A medida é uma decisão cautelar. Ao final da análise da CGU, será definido se o contrato será encerrado.

O contrato com a Precisa virou alvo de suspeitas de irregularidades após denúncia de um servidor da pasta, que diz ter sido pressionado para dar celeridade ao processo. A pasta alega, no entanto, que buscas internas da CGU não teriam encontrado irregularidades.

Os argumentos discutidos internamente para cancelar o contrato eram que a empresa não havia cumprido o cronograma de entrega das doses e tampouco obtido autorização da Anvisa. O valor total do contrato é de R$ 1,6 bilhão. O montante foi empenhado, isto é, reservado pela Saúde, mas ainda não foi pago.

"De acordo com a análise preliminar da CGU, não há irregularidades no contrato, mas, por compliance, o Ministério da Saúde optou por suspender o contrato para uma análise mais aprofundada do órgão de controle. Vale ressaltar que o Governo federal não pagou nenhum centavo pela vacina Covaxin", informou a pasta, em nota.

O governo avalia se teria como atender às 21 condições colocadas pela Anvisa no âmbito do pedido de importação excepcional, como a realização de testes clínicos no Brasil. Outra consideração, segundo fontes da Saúde, é de que não existe clareza a respeito da capacidade de o Instituto Bharat Biontec de entregar as doses contratadas.

O ministério também leva em consideração se as doses da Covaxin são imprescindíveis para o Plano Nacional de Imunização. O governo trabalha com a previsão de até setembro toda a população brasileira adulta estar vacinada com a primeira dose.

"A medida não compromete o ritmo da campanha de vacinação contra a Covid-19 no Brasil, já que não há aprovação da Anvisa para uso emergencial nem definitivo do imunizante", diz a nota do ministério.

Na semana passada, O GLOBO mostrou que a decisão estava nas mãos do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. A estratégia era manter o caso na pasta para preservar o presidente e evitar desgastes.

Alvo da CPI

A Covaxin se tornou alvo da CPI da Covid por ter sido intermediada por uma empresa — Precisa Medicamentos, investigada por improbidade administrativa pelo Ministério Público Federal (MPF) — e não negociada diretamente com a fábrica, Bharah Biotech. Outro ponto é que o imunizante é o mais caro adquirido pelo governo: US$ 15, o equivalente a quatro vezes o valor da Covishield, desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela AtraZeneca.

O caso deslanchou após os depoimentos dos irmãos Miranda à comissão do Senado, na última sexta-feira. Indagado pela senadora Simone Tebet (MDB-MS), o deputado federal Luís Miranda (DEM-DF) afirmou que o presidente Jair Bolsonaro citou o líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR) como o respoinsável pelo suposto esquema ao ouvir a denúncia sobre irregularidades na compra da Covaxin.

Sem autorização para uso emergencial

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recebeu nesta terça-feira o pedido para uso emergencial do imunizante, desenvolvido pela Bharat Biotech. Atualmente, a Covaxin possui apenas uma autorização excepcional e temporária para importação com diversas restrições. A decisão, anunciada em 4 de junho, vale para 4 milhões de doses de lotes específicos de imunizantes trazidos da Índia.

Numa primeira análise, ainda em março, o órgão regulador negou por unanimidade a importação e a distribuição da vacina. Entre as falhas apontadas, estão falta de documentos e problemas técnicos, como a possibilidade de o imunizante causar outras infecções.