Embora muitas vezes não sejam devidamente reconhecidos, os caçambeiros exercem papel fundamental na construção e desenvolvimento de cidades e Estados. Pensando na importância da classe para o Estado do Acre, especialmente a capital, a Câmara Municipal de Rio Branco realizou nesta quinta feira, 05, a pedido do vereador Jakson Ramos (PT), um Ato Solene para entrega de homenagens àqueles que se dedicaram por décadas à profissão.
Foram doze caminhoneiros, em especial os motoristas de caçamba em atividade ou não, laureados com Moções de Aplauso e Reconhecimento. O vereador Jakson Ramos, filho do Seu Antonio Roberto da Silva (mais conhecido como Antonio da Helena), ex-caçambeiro, motorista de ônibus e taxista, presenciou parte das dificuldades da profissão no convívio com o pai. Na tribuna, destacou a importância da categoria para a historia acreana.
"Nós entendemos que o trabalho que vocês fizeram e alguns ainda continuam fazendo pelo Estado do Acre é um trabalho gigantesco que apenas homens e mulheres muito fortes seriam capazes de fazer, porque quem viveu a rotina das estradas do Acre anos atrás, sabe da dificuldade que era de transportar, conseguir levar piçarra de um lado para o outro desse Estado para poder fazer um pedaço de rua, de estrada, entre tantas outras dificuldades que se tinha naquela época. Eu vivi isso quando era criança ao lado do meu pai e tenho certeza absoluta que vocês viveram na carne todas as dificuldades fazendo isso diariamente como profissão", destacou Ramos.
Entre os homenageados, José Marcelino Schaefer, natural do Rio Grande do Sul, aproveitou para exaltar a homenagem para a classe que, segundo ele, é uma das menos reconhecidas. Hoje com 82 anos, Schaefer chegou ao Acre em 1972 e trabalho como motorista de caçamba por quase 50 anos.
"Nunca nesse Estado em quase 50 anos que eu moro aqui alguém olhou para a classe dos caçambeiros, essa classe sofrida e trabalhadora que vive na estrada ainda hoje. No nosso tempo era difícil. A gente comia poeira, passava calor, dormia mal, e eu recebia um valor que quebrava o galho, mas nunca vi caçambeiro ficar rico. É uma classe muito desfavorecida e menos olhada pelos nossos representantes. No Brasil inteiro eu não sei se tem uma homenagem igual a essa", disse Schaefer.
Representando seu pai, Manoel Francisco de Paula (Mané de Paula), Neuda de Paula, ressaltou o papel dos caçambeiros na construção do Estado e ponderou sobre a importância de se homenagear pessoas simples também de outras categorias.
"Eu acredito que precisava [dessa homenagem] são pessoas simples, são pessoas humildes. Muitas não tinham e nem tem letras, mas são pessoas que lutaram muito pelo nosso Estado, pela nossa cidade, para sustentar suas famílias. Se meu pai estivesse vivo, ele certamente estaria aqui, porque ele era do Rio Grande do Norte, mas amava essa terra (...) Que os nobres colegas, Dr Jakson, lembrem também de outras categorias, lembrem dessas pessoas simples que não tem oportunidade de estar aqui com vocês, mas que fazem parte da história da construção do nosso Estado", ponderou.
Ao todo, foram doze pessoas homenageadas: Antonio Roberto da Silva (conhecido como Antônio da Helena), Francisco Celestiano da Silva Filho (Baiano), Manoel Eugenio Nogueira (Nel), Sebastião Bandeira de Paula (Peteca), Sadi Guintzel (Minhoca), Francisco Rodrigues da Silva (Elefante), Orlando Nogueira da Silva, Irineu Buchmeier de Oliveira, Manoel Francisco de Paula (In Memorian), Cleudo Bandeira de Paula, José Marcelino Schaefer e José Ribeiro Jinkins.
Além disso, os presentes fizeram questão de ressaltar a contribuição de grandes nomes que partiram deixando seu legado na construção do Estado. Entre eles, os senhores Assis Tomaz (Negão do Alfa), Laede, Genes, João Moura (Espírito de Lata), Galego, Assis, Fiorelo, Carlinhos Carneiro, Gato Preto, Assis Melo e Adécio, este último já aposentado, entre outros.