O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, presidente do Conselho da Amazônia Legal, fez nos últimos uma série de visitas aos governadores dos estados membros para conversar e entender quais as demandas de cada unidade federativa. Mourão cumpriu agenda no Acre na terça e quarta-feira, dias 10 e 11.
Segundo o vice-presidente, a ordem do presidente Jair Bolsonaro é de investir apenas onde há de fato condições de começar e terminar os projetos governamentais. Justamente por isso foi criado o Conselho que, apesar de instituído há anos, nunca havia se reunido oficialmente.
O vice-presidente comentou que o Acre tem problemas graves em relação à fragilidade das fronteiras com o Peru e Bolívia. “O Acre virou porta de entrada para o narcotráfico”, declarou Mourão ao lembrar a “porosidade” que há na imensa faixa fronteiriça que margeia o território acreano.
Durante entrevista coletiva à imprensa, pouco antes de embarcar para Brasília, Mourão pontuou que o intuito dele enquanto chefe do Colegiado é o de integrar, coordenador e desenvolver programas que visem maior prosperidade dos estados da Amazônia, de forma que os recursos empenhados na região sejam os realmente necessários.
Quanto à segurança pública, Mourão minimizou a necessidade de intervenção do Exército por meio da GLO, que coloca os militares na rua com poder de polícia. Ele acredita que o Acre ainda não vive um momento em que a polícia local não consiga mais desenvolver ações que garantam a ordem.
“O governador Gladson Cameli e a equipe dele, deixaram muito clara a necessidade de melhorar o efetivo das polícias Federal e Rodoviária Federal. Não é necessária hoje uma operação de GLO até porque isso acontece quando as forças estaduais já não têm condições de atuar”, retrucou o vice-presidente.
Mourão pontuou, questionado pelo jornalista Luciano Tavares, do portal Notícias da Hora, que a situação das fronteiras vai além da “ponte para o narcotráfico”, e passa também pela questão de saúde, como é o caso do Coronavírus, que assola dezenas de países e causa preocupação nas autoridades brasileiras.
O vice-presidente da República deixou bem claro que é quase impossível manter o controle da entrada e saída de pessoas nas fronteiras do Acre com o Peru e a Bolívia, este último confirmando, nesta quarta-feira, dia 11, os dois primeiros casos do vírus no país. O COvid-19, causada pelo vírus, também foi declarada como pandemia, pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
"Temos que monitorar isso e conversar com os países vizinhos. Eles têm que estabelecer as regras de quarentena lá dentro na Bolívia, Peru, para segurar essa turma do lado de lá. Não deixar avançar pra cá. O Ministério da Saúde tem feito um trabalho e a grande preocupação hoje no Brasil é nós termos leitos hospitalares capazes de atender, vamos dizer assim, essa ‘eclosão’ em grande massa dessa doença", completou Mourão.
No final de março, o vice-presidente realizará a primeira reunião do Conselho. Antes, vai conversar com todos os ministros do governo federal para discutir o que dá, e o que não será viável, nesse primeiro momento, para se fazer. Noutras palavras, Hamilton Mourão levará aos gestores as necessidades apresentados pelos governadores.
“Nós temos nove estados da Amazônia Legal, e cada um com os seus problemas. É extremamente importante a questão do ordenamento territorial, porque se ela não está cumprido, a invasão de terra é facilitada, a derrubada, as queimadas. Nós vamos colocar que se o Acre será a porta de entrada pelo Pacífico, nós vamos trazer quem quer facilitar essa ponte”, pontua.
Mourão completou que não é suficiente discutir, mas encontrar soluções e dar respostas é extremamente necessário. “Na hora que tivermos as prioridades definidas, nós vamos apresentar aos governadores e eles são ratificar ou retificar aquilo que vamos apresentar. Em todo momento eles serão ouvidos, inclusive a sociedade civil”, destaca.