Uma das homenageadas durante a sessão solene em alusão aos 86 anos da Academia Acreana de Letras, realizada pela Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), foi a cantora e compositora Nazaré Pereira. Nascida em Xapuri, em 1940, Nazaré Pereira ganhou o mundo com vários álbuns gravados, sempre cantando e contado as histórias dos rios e seringais da Amazônia.
Durante a homenagem, que foi entregue pelo deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB), Nazaré Pereira cantou um de seus maiores sucessos: “Xapuri do Amazonas”, que conta a história da mãe, Maria Pereira, que chegou ao Acre aos 13 anos e fixou residência em Xapuri, casando-se com o seringueiro Manoel Tenório.
“Eu nasci aqui. Eu nasci no Seringal Iracema. Eu cresci em Belém do Pará. Eu sempre digo: sou acreana, sou de Xapuri. Xapuri, Pará, Paris (...) Eu vou cantar Xapuri do Amazonas, que foi a primeira composição da minha vida que eu fiz para a minha mãe porque a minha mãe veio do Jari, desceu, veio para o Xapuri. Veio com 13 anos. Casou com meu pai no dia que conheceu ele. Era assim a cultura da época. Eu falo das coisas. As árvores não mudam. Derrubar a nossa floresta é a coisa pior do mundo”, enfatizou Nazaré Pereira.
Edvaldo Magalhães afirmou que Nazaré Pereira compôs e cantou ao longo da sua trajetória musical, os rios, os pássaros, as festas dos seringais, as lendas e encantos da floresta e mostrou ao mundo o jeito acreano de ser, em uma linguagem simples.
“E aqui precisamos celebrar com palavras e aplausos essa mulher que pegou o jeito de viver das cabeceiras dos rios e igarapés, pegou o nosso jeito de celebrar nas festas dos seringais, simplificou e adensou com poemas de gosto popular, mas de profundidade histórica e levou a cultura das cabeceiras dos nossos rios para o mundo conhecer”, enfatizou o parlamentar.
Sucesso em toda a Europa, Nazaré Pereira já cantou ao lado de grandes nomes da música brasileira, como Maria Bethânia, Chico César e o rei do baião Luiz Gonzaga, com quem, inclusive, compôs a música ‘Acre Doce’, música esta que ela cantou na Assembleia Legislativa. Nazaré Pereira disse que recebeu a melodia do próprio Luiz Gonzaga, que a pediu para colocar a letra. Sem cerimônia, Nazaré escreveu ‘Acre Doce’.