Em meio a uma das maiores tragédias sanitárias do Acre, o registro de 1. 083 mortes por covid-19 em um ano e uma média de 450 pessoas infectadas por dia, os vereadores Samir Bestene (PP) e Adailton Cruz (PSB) resolveram apresentar um projeto de lei na Câmara de Rio Branco que sugere a obrigatoriedade da manutenção da atividade econômica mesmo durante a calamidade sanitária, inclusive na chamada faixa vermelha.
Samir Bestene, que é empresário, foi o primeiro apresentar a proposta e suas razões. Em discurso dúbio, o parlamentar disse que o objetivo é manter o comércio com um mínimo de fôlego e citou que diversos negócios faliram no Acre e a crise se aprofundou após o fim do auxílio emergencial.
"A fome, a miséria, quase chegando a um colapso no nosso sistema. A intenção é que o nosso comércio continue funcionando ao menos o mínimo possível", defendeu.
Porém, antes de expor suas justas e compreensíveis preocupações com a economia, afinal há realidades distintas na pandemia, Samir mais parecia um médico infectologista durante seu discurso. Citou número de mortos e infectados, fez semblante de luto, defendeu a vacinação, sugeriu cuidados com a higiene e, por fim, quando parecia que ia sugerir um minuto de silêncio pelas mortes, propôs a "manutenção da atividade econômica mesmo durante a calamidade sanitária".
"A nossa Rio Branco e nosso Acre hoje vivem um momento de dor e preocupação. Até ontem quase 1.100 pessoas morreram pelo covid no nosso estado. Com certeza estamos enfrentando a maior tragédia de crise aqui de Rio Branco e do nosso Acre e no Brasil e no mundo, mas nós sabemos que ainda há esperança. A vacinação tá aí. É o grande ponto tocado em todas as nossas sessões aqui na Casa. Nós sempre seremos os defensores dessa vacinação em massa e a aceleração dela. Ontem chegou na nossa cidade quase 6 mil doses e a partir de hoje já estão sendo vacinados pessoas com idade a partir de 71 anos e alguns já receberam a segunda dose", disse Samir em sua versão saúde.
Já o vereador Adailton Cruz, que é enfermeiro e trabalha no Pronto-socorro de Rio Branco, e que durante os quase 12 meses de pandemia viu vários colegas que trabalhavam ao seu lado perderem a batalha para o vírus, cutucou o Comitê Acre Sem Covid pelas medidas tomadas sem resultado nos últimos meses e acrescentou que "apenas as medidas de isolamento por si só não vão resolver".
"As pessoas precisam de conscientização, a gente precisa de fiscalização, mas precisa de garantir o emprego de todos", disse o parlamentar.