O número de trabalhadores com carteira assinada dispensados de pagar o Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) poderá dobrar em 2026, caso a proposta de ampliar a faixa de isenção para rendimentos de até R$ 5 mil mensais seja aprovada. A medida integra a chamada “reforma da renda”, que o governo federal pretende encaminhar ao Congresso Nacional no próximo ano.
Segundo projeções do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), atualmente cerca de 10 milhões de trabalhadores estão isentos do tributo. Com a elevação da faixa de isenção dos atuais R$ 2.824 (equivalentes a dois salários mínimos) para R$ 5 mil, mais 10 milhões de pessoas passarão a ser beneficiadas, totalizando aproximadamente 20 milhões de isentos.
A medida beneficiará diretamente os trabalhadores de menor rendimento e alcançará também assalariados da classe média. Trabalhadores que ganham entre R$ 5 mil e R$ 7,5 mil poderão sentir os efeitos de uma redução nas alíquotas de imposto, abrangendo um grupo estimado em 16 milhões de pessoas, segundo o Dieese.
Embora os dados do Dieese embasem a proposta do governo, há divergências em relação aos números. Um estudo da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco), divulgado em setembro, aponta que 30,6 milhões de contribuintes estariam isentos se a tabela do IRPF fosse corrigida integralmente pela inflação acumulada nos últimos anos. Nesse cenário, o limite para isenção seria de R$ 5.084,04, levemente superior ao valor proposto pelo governo.
A Unafisco também estima que a desoneração poderia injetar até R$ 50 bilhões na economia, com impacto positivo no consumo e no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
A ampliação da faixa de isenção deve gerar questionamentos sobre o impacto fiscal. O governo argumenta que a perda de arrecadação será compensada pelo aumento da tributação sobre os mais ricos, incluindo uma contribuição efetiva maior para quem tem rendimentos acima de R$ 50 mil mensais (R$ 600 mil por ano). A proposta da “reforma da renda” ainda depende de aprovação no Congresso.