O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) manifestou preocupação com a postura do governo de Jair Bolsonaro em relação ao combate à pandemia de covid-19, alertando para suas “possíveis consequências nefastas”.
Em entrevista coletiva virtual nesta segunda-feira, Georgette Gagnon, diretora de operações do ACNUDH, declarou que, “no Brasil, nos preocupamos com mensagens conflitantes das autoridades, às vezes subestimando a seriedade da situação, o que pode prejudicar os esforços do Brasil para combater a pandemia, com possíveis consequências nefastas”.
A posição do órgão é que os governos em geral “precisam proteger os valores democráticos e os direitos humanos, impedindo respostas que alimentem tendências antidemocráticas, em um país ou região”.
A diretora acrescentou que, com relação ao Brasil, “também estamos preocupados com o impacto do vírus na população brasileira, é claro, em particular em pessoas e
grupos com enormes vulnerabilidades, como moradores de rua, comunidades indígenas, pessoas privadas de liberdade e pessoas que vivem em instituições”. O ACNUDH disse que vem trabalhando com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) na implementação de medidas que visam reduzir a população carcerária e promover procedimentos preventivos de saúde.
“A disseminação do vírus em comunidades indígenas remotas apresenta desafios adicionais, inclusive para sua sobrevivência”, acrescentou Gagnon. “Recebemos alguns casos confirmados que exigem mais investigação e medidas adicionais para impedir que a pandemia atinja os mais vulneráveis do Brasil.”