Após acusar a ex-prefeita Socorro Neri e sua gestão de superfaturamento em relações contratuais com empresas terceirizadas da Secretaria de Zeladoria da Cidade, o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, contratou a F. M Terceirização, empresa de serviço de limpeza cujo processo licitatório estava homologado desde dezembro do ano passado pelo então secretário da Zeladoria da Cidade, Kellyton Silva Carvalho.
Mas a contradição não para por aí. O custo mensal de um gari ou margarida passou a R$ 3. 172, 34 na atual gestão, acima dos R$ 3.040,00 que eram pagos por Socorro Neri.
O empresário Janio Aguiar, da F. M Terceirização, chegou a ser recebido na Zeladoria da Cidade para tratar do contrato com um dos diretores do órgão. É o que diz ele próprio em um áudio em uma conversa no WhatsApp a que o Notícias da Hora teve acesso.
A reportagem ligou para o empresário na noite desta quinta-feira (8) para saber sobre a autenticidade do áudio e constatou que se trata de Janio Aguiar. Perguntado sobre o assunto, ele ficou irritado, manifestou nervosismo e disse que é perseguido por jornalistas.
Já no áudio no WhatsApp, Janio Aguiar diz que "não furou com ninguém" e que foi à sede da Zeladoria tratar diretamente com um diretor sobre seu contrato.
"Eu esperei, né, aguardei. Só que eu fui chamado na Zeladoria faz tempo. Fui chamado numa reunião lá. Na verdade eu já fui chamado em todos os meu contratos da prefeitura particular para falar que os terceirizados vão ficar, só não vão ficar aqueles que não trabalham. A reunião que está acontecendo não vem de agora, não. A reunião vem de uns 15 dias atrás. Eu já fiz reunião em todos os meu contratos da prefeitura. Aí eu corri atrás. Na realidade quase todos me ligaram. Na Zeladoria eu fui tratar do meu outro contrato, e foi quando o diretor tocou na ata. Eu não furei com ninguém, não, eu esperei. As coisas funcionam assim quando você dá uma missão... Se o cara me chamasse, e eu não tivesse ido lá, e o cara me chamasse: "fulano de tal indicou você e tal, aí, sim, funcionam as coisas". Mas eu fui lá e o cara que conversou comigo pessoalmente, eu não fui atrás de interferir em nada, não, foi o diretor que puxou o assunto", diz ele no WhatsApp.
O secretário da Zeladoria da Cidade, Joabe Lira, disse não ter conhecimento do áudio. Sobre o contrato com a F.M Terceirização e a diferença de valores no custo da contratação de gari, o secretário afirmou que só falaria amanhã (sexta-feira), pois precisaria ter acesso a valores e números.
Vereadora quer que prefeitura esclareça valores
Na sessão desta quinta-feira (8), a vereadora Michelle Melo (PDT) questionou a homologação, o custo mensal de cada trabalhador e cobrou da prefeitura esclarecimentos.
"A Zeladoria manifestou que a gestão de Socorro Neri tinha atos de corrupção e estariam sendo investigados os contratos ali feitos. Todos nós seguimos esse embate, seguimos essa linha, mas para a nossa surpresa a Zeladoria renovou o contrato que é homologado da Socorro Neri. Ou seja, se essas empresas homologadas na gestão Socorro Neri eram corruptas, digamos assim, por que a Zeladoria homologou novamente o contrato de dezembro do ano passado, ele homologou agora? Eu venho aqui solicitar que isso seja esclarecido, porque além de tudo o custo mensal de um gari na gestão passada era de R$ 3. 040 mil agora é de R$ 3. 172, ou seja, aumentou. E a gente precisa saber de novo como vai ficar essa história da Zeladoria."