Ao mesmo tempo em que faz elogios à proposta do Palácio Rio Branco de acabar - ou ao menos reduzir os superpoderes - do Grupo Permanente de Planejamento Estratégico (GPPE), o deputado Fagner Calegário (PV) diz que essa também pode ser uma forma encontrada pelo governo de blindar os “ungidos” que formam o seleto conjunto.
Fagner Calegário lembra, por exemplo, que até o presente momento a secretária Semírames Dias (Fazenda) não foi à Assembleia Legislativa prestar esclarecimentos sobre a medida que ampliou a participação de empresas de fora do Acre no processo de tomada de preços das compras públicas.
Há exato um mês, o plenário da Casa aprovou convite apresentado por Edvaldo Magalhães (PCdoB) para que a secretária participe de audiência com os parlamentares e membros do setor empresarial. Por ser um convite, Semírames ficaria livre para escolher a data de sua preferência dentro de 30 dias.
Conforme Notícias da Hora apurou, a proposta é que a secretária compareça ao Parlamento ainda essa semana.
“A minha preocupação paira na seguinte questão: será que [a reforma no GPPE] é uma tentativa de boicotar a vinda dos secretários para debater na Aleac?”, questionou Calegário.
Nos bastidores, a única certeza é que o tal grupo dos ungidos de Gladson Cameli vem fazendo as vezes de governador. O grupo é apontado por praticamente tocar a gestão da máquina pública, cabendo ao chefe oficial do Palácio Rio Branco apenas referendar as decisões por ele tomadas.
Além de Semírames Dias, da Fazenda, integra o GPPE os secretários Ribamar Trindade (Casa Civil) e Raphael Bastos (Planejamento), além dos chefes da Procuradoria Geral do Estado (PGE), João Paulo Setti Aguiar, e da Controladoria Geral do Estado (CGE), Rui Oscar de Souza Abrantes.
Visto como técnico e altamente burocrata, o GPPE é responsável pelos principais desgastes políticos que Gladson Cameli vem sofrendo em menos de três meses de governo. Calegário ressalta que, apesar de não terem passado pelo crivo das urnas, os membros do GPPE são hoje os principais responsáveis pelas decisões que afetam de forma direta a população.
“Se eles querem esse poder, que vão às ruas em busca de voto. A população elegeu não foi eles para ser governador”, destaca. Entre tais medidas tomadas pelo grupo está a revisão de todos os contratos feitos ainda no governo de Tião Viana (PT).
Essa revisão, no entanto, tem atrasado o repasse de recursos para instituições de vital importância para a sociedade, como hospitais gerenciados pelas dioceses do estado, além dos centros de acolhimento de idosos, crianças e hansenianos, como a Casa Souza Araújo; tais entidades enfrentam séria dificuldades financeiras, correndo até o risco de encerrar as atividades.