As reações que o governo Gladson Cameli (PP) adota diante da mais recente crise em sua relação com a Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) mais contribuem para acirrá-la do que para se encontrar o caminho da solução.
Essa é a análise feita por um dos líderes da bancada de oposição, o deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB), ao fim da primeira sessão após o Palácio Rio Branco demitir mais de 300 cargos comissionados indicados pelos deputados da base governista.
“Cada medida que tem sido adotada até aqui tem sido não no sentido de recompor as coisas, mas de aprofundar a crise. São incompreensíveis as atitudes que estão sendo tomadas desde o início desta crise”, diz Edvaldo Magalhães.
As demissões foram uma retaliação pela derrubada dos vetos do governador a artigos da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) feita pelo Parlamento, e que tinha, em tese, o aval do Palácio Rio Branco. O sinal verde para a rejeição ao vetos ocorreu após reunião entre o presidente da Aleac, Nicolau Júnior (PP), e o primeiro-secretário, Luiz Gonzaga (PSDB), com o governador Gladson Cameli.
Alegando que a manutenção do texto como aprovado pelos deputados comprometeria o equilíbrio fiscal do Estado, a Casa Civil orientou Cameli a vetar os “artigos problemáticos”. Diante da confusão e sentindo-se traído por sua bancada - mesmo dando o aval - o governador publicou, na última quinta, 19, uma edição extra do Diário Oficial com as 340 demissões dos indicados políticos.
Outra resposta do governo foi a troca de seu líder no Parlamento. Saiu Luíz Tchê (PDT) e retornou Gerlen Diniz (PP), que já tinha perdido a função havia dois meses. Ao reassumir o posto, o novo-velho líder, ao invés de apagar o incêndio, jogou ainda mais gasolina na fogueira.
Adotou um tom ríspido, disparou para todos os lados - incluindo o presidente Nicolau Júnior. Segundo ele, os parlamentares foram enganados por Nicolau e pelo então líder sobre a orientação do Palácio Rio Branco de como votar na análise dos vetos da LDO.
“As afirmações de que o presidente da Casa, o secretário da Casa e o líder do governo teria enganado os parlamentares do governo e da oposição é muito grave. Ao invés de se chegar colocando panos mornos, procurando construir um novo ambiente de diálogo, de construção política, está se botando fogo”, analisa Magalhães.
O clima foi de mal-estar durante a primeira sessão da semana, e o líder sofreu sua uma derrota logo de cara. Ele não conseguiu barrar requerimento de Edvaldo Magalhães para que a sessão fosse prorrogada por mais uma hora para garantir que todos os deputados inscritos pudessem fazer uso da palavra na chamada explicação pessoal, quando cada um tem direito a 10 minutos de pronunciamento, independente do tamanho das bancadas.
O líder nem mesmo chegou a ficar durante toda a sessão, indo embora quase 20 minutos antes do fim. Enquanto deixava o Plenário, governistas e oposicionistas revezavam-se em discursos críticos ao governo, enquanto alguns poucos tentavam amenizar o desgastes de Gladson Cameli.