A troca de líder do governo Gladson Cameli (Progressistas) na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), com a “demissão” de Gerlen Diniz (Progressistas) e a entrada de Luiz Tchê (PDT), é reflexo de uma gestão desajustada e que ainda não se encontrou.
A substituição também é resultado das disputas internas de grupos por espaço de poder. Essa falta de coesão acaba por sair das quatro paredes do Palácio Rio Branco, refletindo na sua relação com o Parlamento.
Essa é a análise do deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB), que desde o começo da nova legislatura assumiu o posto simbólico de líder da oposição. A opinião é do parlamentar que nos oitos anos do governo Jorge Viana (1999-2006) ocupou a função de líder, assumindo, em 2007, a cadeira de presidente da Casa.
O comunista, portanto, é um profundo conhecedor de como funcionam as articulações entre Executivo e Legislativo, e de como montar e manter uma base de sustentação sólida.
“O governo ainda não se encontrou. Sua equipe não está ajustada. Devido ao fatiamento [de espaços] sem critérios, abriram-se fissuras e muita disputa das várias partes sobre seus pedaços. Já outros querem entrar na partilha”, analisa o parlamentar.
Para ele, a troca do líder “é parte constitutiva desse ambiente”. “O método é este: Primeiro vaza [a notícia da troca], depois queima e, por último, troca.” Na avaliação de Edvaldo, a escolha de Gerlen Diniz para ocupar a função de líder não passou pelo devido processo de maturação, o que resulta em um desgaste desnecessário para o governo nestes cinco minutos do primeiro tempo.
O principal motivo para Diniz assumir a cadeira foi sua desistência de disputar a presidência da Aleac, deixando o caminho livre para Nicolau Júnior (Progressistas). Como consolo foi indicado para a liderança, função que não vinha exercendo com muita destreza antes mesmo de a nova Assembleia tomar posse.
Um de seus principais feitos foi comprar briga com o prefeito de Sena Madureira, Mazinho Serafim (MDB), por conta de cargos do governo na cidade, Controlando o terceiro maior município do estado, Mazinho rompeu com Gladson, anunciando que sua mulher, a deputada Meire Serafim (MDB), faria oposição ao governo – ou integrando a bancada dos independente, como prefere dizer.
De fevereiro para cá, o ex-líder vinha tendo uma relação conturbada com os demais deputados da base, chegando até a trocar farpas da tribuna do plenário. As atitudes vinham ocasionando sérios desgastes para o Paláciio Rio Branco, com os demais governistas atuando nos bastidores para a sua troca.
Questionado se com Luiz Tchê a oposição mudaria sua linha de atuação, Edvaldo Magalhães afirmou que ela se manterá a mesma. “Nossa atuação será no mesmo diapasão. Debate claro, posicionamento firme e permanente abertura ao diálogo.”
Quanto a um possível comportamento do novo líder de se articular para sufocar o trabalho da minoria, o deputado do PCdoB afirma que esta não seria a melhor das opções.
“Qualquer estratégia de sufocar será ruim para a maioria. Afinal de contas, cabe a eles garantir os votos majoritários em momentos delicados. Quórum será um problema no esticar permanente de corda. Nenhum líder será vitorioso tratorando. O caminho do diálogo e do entendimento é o melhor conselheiro”, receitua o ex-líder dos governos Jorge Viana.