De acordo com ela, apesar de ter recebido a maior votação proporcional no Acre, Bolsonaro tem retribuído com um pacote de maldades
Única deputada federal eleita no ano passado como oposição a Gladson Cameli (PP), Perpétua Almeida (PCdoB) avalia que estes seis meses de gestão progressista são o pior começo de governo dos últimos 20 anos no Acre. Para ela, as disputas políticas por espaço dos grupos que estão no Palácio Rio Branco passam a impressão de não se saber quem de fato governa o estado.
“Os seis primeiros meses do governo Gladson são o pior do que qualquer um dos seis primeiros meses dos governos da Frente Popular. Faço um desafio com quem quiser. O nível de reclamação é muito maior, os problemas na saúde, na segurança são maiores. A sensação que eu tenho é que o governo começou pelo final”, diz a deputada.
Perpétua se reuniu na manhã desta segunda, 1, com jornalistas para apresentar uma prestação de contas do mandato e avaliar os seis meses de governo Gladson e Jair Bolsonaro (PSL).
A briga por poder dentro do Palácio Rio Branco, avalia a parlamentar, está cristalizada e polarizada entre o governador e seu vice, Major Rocha (PSDB). “Eu me perguntava estes dias: quem manda no governo do estado é o governador ou o vice? Eu nunca vi tanta briga num governo em seis meses.”
Na análise de Perpétua Almeida, a queda de braço por espaço tem impedido o governo de implementar uma agenda mínima em benefício da população. As expectativas que as pessoas tinham de melhorias em áreas como saúde e segurança, completa ela, frustraram-se diante da piora na oferta destes serviços, além de uma economia estagnada que eleva o número de pessoas desempregadas ou na informalidade.
“Aumentou o desemprego, aumentou a violência e a saúde piorou. E o que governo está fazendo? Está discutindo se vai ter um jatinho para o governador andar. As pessoas querem que o governo fale qual vai ser a saída para o desenvolvimento, geração de emprego, incentivar a indústria.”
Sobre o governo Jair Bolsonaro, a deputada federal avaliou que há uma semelhança com o de Gladson Cameli por uma falta de projeto, brigas internas e “perda de tempo com picuinhas”. De acordo com ela, apesar de toda a proximidade entre os dois - com viagens constantes do governador a Brasília - os resultados para a população do Acre não são perceptíveis.
O efeito, segundo ela, é inverso, isso mesmo com o então candidato à Presidência tendo no Acre a maior votação proporcional do país. Com o fim do programa Mais Médicos o Acre perdeu 100 profissionais que atuavam, sobretudo, em municípios em que a maioria dos médicos brasileiros não quer estar.
Os cortes de verba para as universidades também acarreta prejuízos, ao comprometer o funcionamento e o ano letivo da única instituição pública de ensino superior do Acre, a Ufac.