O pesquisador Judson Valentim, coordenador da Câmara Técnica do Agronegócio Empresarial, trouxe dados do zoneamento econômico e ecológico do Acre durante a reunião da Comissão Especial que vai elaborar uma proposta legislativa visando a regularização ambiental. Aos deputados, Valentim disse que o estado tem atualmente 2,6 milhões de hectares desmatados.
Desse montante, 2 milhões e 300 mil são destinados às áreas de pastagens, sobrando 200 mil de vegetação secundária, a conhecida capoeira, e entre 80 a 90 mil destinados a agricultura com culturas perenes e anuais.
Diante deste cenário, ele frisou que o zoneamento aponta para o uso de 380 mil hectares de pasto que podem ser ocupadas pela agricultura comercial. “Hoje um hectare de pasto dá um retorno de R$ 700. Esse mesmo hectare, se você plantar soja, milho e boi safrinha você tem um valor bruto de R$ 20 mil, no mesmo hectare. O zoneamento já indicou que o melhor uso desses 380 mil hectares não é pasto, é fazer essa agricultura de que gera 20 mil por hectare, que gera ao invés do emprego do cara no cabo da enxada, gera emprego de um cara que vai sentar na cabine de um trator ganhando R$ 4 mil, gera do mecânico”, disse o pesquisador apontando para um salto no PIB (Produto Interno Bruto).
Ainda de acordo com Judson Valetim, é preciso avançar numa legislação que alcance o pequeno e médio produtor rural. Ele citou exemplo de produtores de Marechal Thaumaturgo, que para ter acesso a licença para roçados de subsistência tem que se deslocar até Cruzeiro do Sul. Valetim disse que é preciso combater a ilegalidade estrutural dando condições aos trabalhadores rurais.
“O Imac (Instituto de Meio Ambiente do Acre) hoje tem seis escritórios. Um na capital e cinco no interior. Desses cinco do interior só quatro funcionam. Você imagina um produtor pequeno lá de Thaumaturgo que tem que sair de lá, pegar um barco, viajar não sei quantos dias para chegar a Cruzeiro do Sul para pedir uma licença para desmatar. Depois ele tem que voltar alguns meses depois para pedir uma licença para queimar. Se ele quiser fazer um açude, ele é dispensado da outorga d’água, mas ele tem que ir no órgão ambiental pedir um certificado de que ele é dispensado. Então, essas coisas precisam ser resolvidas. A gente tem lutado muito, estou falando aqui como coordenador da Câmara Técnica do Agronegócio Empresarial, a gente tem lutado muito para resolver os problemas. Por exemplo, há quatro anos estamos brigando para ver se o governo consegue implantar o licenciamento remoto. Um produtor que é caracterizado como familiar, isso deveria ser uma inovação que deveríamos estabelecer aqui. Outorga d’água e licenciamento a atividades agrícolas, a questão do desmatamento, eu acho que também podia avançar. O produtor que tem direito a fazer o seu roçado de subsistência, nós temos que facilitar a vida dele, porque senão fica uma ilegalidade estrutural, que não é culpa dele”, desabafou.