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POLÍTICA

Poderes em convulsão

Assistimos, nas últimas semanas, a uma verdadeira enxurrada de ataques explícitos entre os poderes da República e suas mais ilustres personalidades. Dessa vez, a babel foi tamanha que o festival de verborragias e impropérios não ficou por conta somente de Bolsonaro e sua prole.

Rodrigo Maia disparou contra Sérgio Moro, que foi defendido por Jorge Kajuru, que desmoralizou Gilmar Mendes, que atacou Deltan Dallagnol, que se sentiu atingido, também, pelo golpe que a Lava Jato sofreu do Supremo Tribunal Federal.

Falando em Lava Jato, a operação da Polícia Federal completou cinco anos com forte apoio popular, uma grande monta de recursos públicos recuperados e números expressivos de prisões e condenações de políticos, empresários e doleiros que operavam o mecanismo criminoso, desvendado em 2014, por meio de investigações do Ministério Público e da própria Polícia Federal.

Na esteira de uma crescente onda de rejeição a setores do Judiciário, parece ganhar força o pedido de impeachment do ministro Gilmar Mendes, apresentado pelo renomado jurista Modesto Carvalhosa. Outra frente de batalha é a articulação da CPI da Lava Toga, no Senado, que visa a investigar ativismos judiciais e relações promíscuas de magistrados dos Tribunais Superiores.

No Congresso Nacional, há uma atmosfera de oxigenação muito em razão da atuação da chamada bancada da renovação, que parece dar uma nova cara à instituição que, há muito tempo, goza de pouquíssima ou nenhuma credibilidade ante a opinião pública. Atores de correntes ideológicas diferentes convergem em pautas de combate a privilégios e contra a corrupção e a impunidade.

No âmbito do Planalto, a constatação da falta de diálogo do Governo com o Congresso não parte somente do Presidente da Câmara ou de opositores políticos. Os analistas mais isentos são praticamente unânimes no reconhecimento dessa inabilidade política, por parte do Executivo.

Esse é o cenário geral que está posto. Somente torcermos para dar certo não é a solução para tirar as instituições republicanas do pântano repulsivo em que se jogaram. Não creio que estávamos torcendo contra nos últimos anos. É preciso pavimentar um caminho de harmonia entre os poderes e a mapear o que é premente na vida pública nacional.

*Romisson Santos é professor e pós-graduado em Letras pela Universidade Federal do Acre.