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POLÍTICA

Prisão de Temer é um dos espetáculos pirotécnicos que a Lava Jato pratica sistematicamente, afirmam líderes de PT e PCdoB

Após passar os dois últimos anos com críticas severas ao ex-presidente Michel Temer (MDB), a quem o acusava de liderar o processo de impeachment (definido como golpe) que resultou na queda da petista Dilma Rousseff, a esquerda acreana adota uma postura mais comedida diante da prisão do emedebista. 
 
O grupo, que também enfrenta o problema de ver seu principal líder no país – o ex-presidente Lula – na cadeia, avalia que a prisão de Temer pode ser mais “um dos espetáculos pirotécnicos que a Lava Jato pratica sistematicamente”, caso não tenha se levantado as provas suficientes para o pedido de prisão, nem garantido o amplo direito de defesa. 
 
Notícias da Hora procurou os líderes do PT e PCdoB na Assembleia Legislativa, Daniel Zen e Edvaldo Magalhães, respectivamente, para comentarem sobre a prisão do emedebista. O petista evitou entrar em detalhes, dizendo que a sua posição é a mesma da emitida pela direção nacional do partido. 
 
Em nota, o PT afirmou esperar que as prisões de Temer e dos demais acusados de integrar a organização criminosa que desviou recursos dos contratos de Angra 3 tenham “sido decretadas com base em fatos consistentes, respeitando o processo legal, e não apenas por especulações e delações sem provas, como ocorreu no processo do ex-presidente Lula”. 
 
Além de também defender o respeito ao devido processo legal, Edvaldo Magalhães avalia que a prisão de Michel Temer expõe a briga de poder dentro do Judiciário brasileiro, e deste com o Ministério Público, em especial com o grupo que forma  a força-tarefa da Lava Jato. 
 
Outro fator que surgiu essa semana foram as críticas públicas feitas pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ao pacote anticrime apresentado pelo ministro Sérgio Moro (Justiça), que até o fim do ano passado era o magistrado responsável por julgar os processos da Lava Jato. 
 
Entre os presos está o ex-ministro Moreira Franco, sogro de Maia. “Essa [a prisão de Temer] é uma reação da Lava Jato, que pode ser interpretada como atropelando procedimentos para poder se reposicionar. Isso certamente terá desdobramentos dentro do governo Bolsonaro na relação com o Congresso Nacional”, avalia ele. 
 
Para Magalhães, as disputas pelo protagonismo de poder dentro do Executivo, do Legislativo e do Judiciário podem levar a um aprofundamento da atual crise política.  Todo este cenário ocorre no momento em que a reforma da Previdência começa a tramitar no Congresso.