Com os Correios estando entre as prioridades no processo de privatização de estatais pelo governo Jair Bolsonaro, os trabalhadores iniciam uma corrida contra o tempo em busca de apoio político. Para que a venda da empresa seja concretizada, é preciso ocorrer o aval do Congresso Nacional, cuja base governista encontra-se desalinhada.
No Acre, a categoria deu o primeiro passo neste sentido, conseguindo a realização de uma audiência temática na manhã desta quinta-feira, 19, na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac). Do encontro, os participantes definem as próximas estratégias de atuação, como a busca o apoio da bancada federal do Acre em Brasília para votar contra a desestatização.
A sessão temática ocorreu a partir de requerimento do deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB), que na semana passada participou de ato grevista dos trabalhadores em frente a uma agência em Rio Branco. Segundo ele, o Acre já teve experiências nada agradáveis com a venda de empresas públicas.
Ele cita como exemplo a privatização da Eletrobras/Acre. “Além de ter ocorrido uma precarização nos serviços prestados, também houve uma alta no preço da energia tão logo a nova empresa assumiu”, destaca.
Segundo Magalhães, a venda dos Correios pode levar muitos municípios do Acre - sobretudo os isolados - a ficar sem os serviços oferecidos pela empresa, incluindo o de banco postal. Em muitas destas cidades, os Correios são a única instituição a também funcionar como agência bancária para a população.
“Quem é que vai querer abrir um banco postal lá em Santa Rosa do Purus ou Porto Walter, por exemplo, que vai prestar o serviço que hoje os Correios prestam? Quando se entrega uma empresa pública para o capital privado, o capital privado só vê lucro, não vê o povo, o país, só enxerga a contabilidade”, diz o deputado.
De acordo com a presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios no Acre, Suzy Cristina, hoje 320 pessoas atuam dentro da estrutura da empresa no estado, que vai do atendente nas agências aos carteiros. Segundo ela, a desestatização pode levar a uma precarização dos serviços, em especial no interior.
Como somente as agências de Rio Branco apresentam lucro, seria pouco provável que a empresa que viesse a assumir os negócios mantenha os postos no interior.
“Com a venda dos Correios vai se inviabilizar essa atuação nos demais municípios. Isso vai prejudicar a economia, a população que terá de se deslocar para outras cidades em busca destes serviços e os trabalhadores que ficarão com seus empregos em risco”, diz Cristina.