A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou nesta terça-feira (17) que o Brasil tem cerca de 5 milhões de quilômetros quadrados sob risco de pegar fogo, por ação criminosa, em meio à maior estiagem da história recente do país.
O número representa quase 60% da área total do Brasil.
"Num contexto como esse, se as pessoas não pararem de atear fogo, nós estamos diante de uma situação, só para você ter uma ideia, de uma área de quase 5 milhões de quilômetros quadrados com matéria orgânica muito seca em processo de combustão muito fácil em função da baixa umidade, da alta temperatura, da velocidade dos ventos. Ou seja, é como se tivéssemos ali uma situação de risco em todo território nacional", disse Marina.
É preciso que haja ação coordenada o mais rápido possível e nós estamos trabalhando nesta direção. As medidas têm sido suficientes? Ainda não têm sido suficientes, mas estão sendo ajustadas o tempo todo, mobilizando equipes o tempo todo, aumentando a quantidade de recursos o tempo todo", emendou.
Com o prolongamento da seca e o aumento dos focos de incêndio, todos os estados brasileiros proibiram o uso controlado do fogo.
Por isso, explicou a ministra, qualquer foco de queimada provocado pela ação humana é um incêndio criminoso.
O problema, diz Marina, é que as penas hoje são "inadequadas" – muito baixas – e, com isso, acabam se convertendo em punições alternativas à prisão. O que, na visão da ministra, é um estímulo à continuidade dos crimes.
'Terrorismo climático'
Na entrevista ao "Bom Dia Ministro" da EBC, controlada pelo governo federal, Marina voltou a usar o termo "terrorismo climático" para se referir à ação de criminosos para atear fogo nas matas do país.
Segundo Marina, é essa ação orquestrada que diferencia a seca prolongada no Brasil da estiagem enfrentada por outros países da região.
"A diferença é que aqui no Brasil tem essa aliança criminosa, de uma espécie de terrorismo climático, onde as pessoas estão usando a mudança do clima para agravar mais ainda o problema. Isso é um crime contra o interesse público, contra a finança pública. Um crime que, com certeza, deve ter uma pena agravada", disse.
De acordo com Marina Silva, os incêndios em curso no país poderiam ser "incomparavelmente maiores" se o governo não tivesse conseguido reduzir o desmatamento na Amazônia.
"Dentro das áreas de agricultura e pecuária, são cerca de 900 mil hectares de área que já foram queimados. Na parte de campo e pastagem, temos já 1,4 milhão de hectares queimados. E dentro de conformação vegetal [floreta], algo em torno de 1 milhão de hectares, em uma demonstração que, de fato, a seca é severa. A ponto de termos aumento de 32% dos incêndios dentro da floresta primária", listou Marina.
A ministra disse que o governo já identificou ação de criminosos para atear fogo na floresta.
🔥 Segundo investigadores, esse tipo de medida tenta derrubar a mata nativa para que, com isso, aquela área deixe de ser considerada floresta e possa ser ocupada para atividades econômicas.
"Isso é claramente uma ação criminosa porque, se está proibido o fogo até para outras atividades, quanto mais para dentro da floresta", disse Marina.