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POLÍTICA

Raphael Bastos solta o verbo, faz revelações de sua saída e diz que Gladson precisa se libertar dos ‘meninos do TCE’, se quiser decolar

Raphael Bastos solta o verbo, faz revelações de sua saída e diz que Gladson precisa se libertar dos ‘meninos do TCE’, se quiser decolar

DIARIO 03Fora do governo Gladson Cameli há pouco mais de um ano, o ex-secretário de Planejamento, Raphael Bastos, resolveu abrir o jogo e falar o que estava por trás de sua saída, a república do TCE, a relação Gladson e Rocha e a possibilidade de voltar ao governo. Além de comentar a respeito do travamento da gestão com nenhum pacote de obras novo em execução no Estado.

Ao iniciar pelo que motivou sua exoneração do governo, Raphael Bastos conta que dias antes disso acontecer, ele se reuniu com o então secretário de Infraestrutura, Thiago Caetano e traçaram juntos um pacote de obras, que seria a marca do governo Gladson. Esse pacote de obras envolveria as pontes da Sibéria, em Xapuri, e a ponte que liga o primeiro distrito de Sena Madureira ao segundo. Além, da reestruturação de todos os aeroportos dos municípios acreanos. Todo esse conjunto de obras gerariam 18 mil empregos diretos e indiretos, com um montante de recursos na ordem de R$ 840 milhões.

“Me recordo que o próprio governador me pediu que fosse priorizados nessas obras algumas ações que teriam sido compromissos de campanha dele, Gladson, e que seriam verdadeiras marcas nos municípios acreanos. Foi aí que planejamos a ponte do Sibéria em Xapuri, a ponte que liga Sena Madureira com 2º distrito, e as pistas de pousos dos municípios isolados, pois o governador, por ser piloto e apaixonado por aviação, tinha a preocupação que ocorresse algum acidente... Além de obras que teriam sido articuladas por ele e pela bancada federal, quando o mesmo ainda era senador, obras como o anel viário de Brasileia...”, disse o ex-secretário.

De acordo com Rapahel, o trabalho dele e de Thiago Caetano passaram a serem vistos como uma ameaça dentro do governo. E aí começaram as perseguições e o travamento do trabalho de ambos. Foi então, que foi criado o Grupo Permanente de Planejamento Estratégico (GPPE), liderado pelo chefe da Casa Civil, José Ribamar Trindade. Foi a partir dali que Raphael começou a ser podado e voto vencido, juntamente com o procurador-geral de Justiça, João Paulo Setti, dentro do GPPE.

“Porém o grande desafio do Governo Gladson até hoje é se libertar das amarras obscuras que o mesmo tem, correntes de quem usa a desculpa de querer proteger seu CPF, de inibir possíveis atos ilícitos, que vão custando mês a mês a saúde econômica de nosso Estado, que já havia sido entregues na UTI pela gestão passada, mas que vem se agravando pela omissão da atual gestão. Tudo se iniciou na reforma aprovada ainda em dezembro de 2018. Criaram um conselho GPPE (Grupo Permanente de Planejamento Estratégico) presidido pelo Chefe da Casa Civil, Ribamar, com seus amigos de TCE, Oscar e Semíramis, que já garantiam pra eles vitória de qualquer pauta que fosse colocada em votação... Os demais membros seriam eu e o procurador-geral João Paulo”, disse Bastos.

Raphael explica que, por ser um desenvolvimentista, acredita que o governo tinha que ser o fomentador econômico, mas isso não estava nos planos da República do TCE. “Os ex-membros do TCE, tinham em suas raízes um tempo diferente de gestão pública, o Tribunal analisa as ações do Executivo após sua execução, ou seja, sem a pressão de ter que tomar medidas sob pressão social, isso faz deles pessoas extremamente conservadoras e preocupadas com o preto no branco, com o papel. Só que esse excesso de zelo tem sido o veneno nas veias desse governo. Ser gestor público é uma missão que exige ousadia e principalmente convicção, de que você vai errar, mais que não pode se omitir, pois as mazelas estão à sua porta, e você precisa dar respostas à sociedade”, completa.

O travamento da gestão

Ele conta que na gestão de Tião Viana, haviam 13 comissões permanentes para realizar as licitações de mais de 50 órgãos e autarquias da administração estadual. Já na gestão de Gladson Cameli, apenas 4 comissões permanentes foram instaladas para “dar conta do mesmo número de órgãos”.

“O excesso de zelo, querer controlar tudo que todos os gestores faziam, antes mesmo de fazerem, fez com que o staff do Tribunal engessasse o governo de tal modo, que as coisas quase pararam”, lembra o ex-secretário.

Gestão Maria Alice e as repactuações

Ao ser sacado fora do governo, sem um motivo claro, Raphael Bastos viu todo o trabalho de meses ser alterado pela então secretária Maria Alice Melo de Araújo. Ele diz que, a também ex-secretária, procurou as instituições financeiras e repactuou dívidas em um movimento que engessou ainda mais as ações do governo Cameli.

“Após minha saída, fruto de uma articulação conjunta de vários outros interesses, a pessoa que me sucedeu, a também ex-secretária Maria Alice, motivada ao meu ponto de vista por ego e vaidade, e a ambição de não deixar algo construído por mim prosperar dentro do governo, fez um movimento que atrapalha até hoje o governo Gladson, ela repactuou novamente todas as operações de crédito, imagine que eu fiquei de janeiro a abril organizando a casa, pra chegar na primeira semana de abril e lançar esse pacote de obra e pouco mais de 15 dias da minha saída, já estavam organizando novamente missões com os bancos internacionais para rediscutir tudo que a pouco havia sido pactuado. Resultado, passou o primeiro ano e o primeiro verão e o governo simplesmente não conseguiu efetivamente lançar uma única obra, se agarrou nas obras inacabadas pra tentar ter alguma pauta”, revelou.

DIARIO 04

“Conselhos errados”

Ao falar sobre as impressões pessoais que ele tem de Gladson Cameli, este disse que “vejo o Gladson como um grande homem, pessoa de coração puro, não vejo maldade nele, já tivemos diversas conversas após minha saída do Governo, ele já reconheceu que ouviu os conselhos errados, e por duas oportunidades já me convidou a retornar e ajudá-lo a colocar o Estado nos trilhos”, disse Bastos ao revelar que a conversa se deu em São Paulo, em um dos acompanhamentos do governador ao pai, empresário Eládio Cameli, ao hospital.

Segundo ele a confessa foi “muito franca”, melhor que época em que Raphael Bastos foi secretário. “Confesso que me senti muito lisonjeado, no último carnaval ele esteve em SP, acompanhou o tratamento do Pai, me ligou e fui até ele, tivemos uma conversa muito boa”, relata ao dizer que preferiu não aceitar naquele momento o pedido de Cameli, por ter elencado outras prioridades para sua vida, mas que segue acompanhando e torcendo pelo desenvolvimento do Acre, o que o faz opinar a respeito dos rumos que o governo vem adotando.

Ao acrescentar ainda mais sua avaliação sobre o governador acreano, o ex-secretário diz que “Gladson está cheio de boas intenções, mas elas não vão salvar o governo, nem vão atender as necessidades do povo. Se ele, entender que a força é dele, ele foi pra urna, ele é o governador e quebrar os vínculos com o Tribunal, aí meu amigo esse governo vai voar, porque ele tem boas ideias. Só que hoje ele está no início de governo vivendo como o Tião viveu no final, com os bajuladores e fofoqueiros”, aponta.

E evidencia: “ele tinha que se acompanhar com quem quer deixar uma marca, um legado para o Acre, e não quem quer fazer picuinha política. Rapaz, Gladson se deixou levar pelos meninos do TCE, pela Maria Alice, pelo Ricardo de BSB, todos achavam que eu seria ameaça a eles... porque eu falava pro Gladson o que ninguém tinha coragem, e eu dava pra ele confiança de dar passos que eles não queriam dar por medo”.

juntos

Relação Gladson x Rocha

Quanto à relação de Gladson Cameli com seu vice, Major Rocha (PSDB), ele ponderou que essa relação tem dia e hora para acabar. Isso porque, na visão dele, Rocha tem um projeto majoritário de poder, ou seja, pretende também governar o Acre e fazer seu partido, o PSDB crescer politicamente.

“Ela [relação] todos nós sabemos que tem hora e dia certo pra acabar. Não tem como dois corpos ocuparem o mesmo espaço... Rocha constrói com o PSDB um projeto Majoritário de Poder... e o Gladson que é o Governador tem esse direito. Ele é o líder do grupo, mais todos hoje trabalham pra sua queda... é o que vejo à distância”, avalia.

Investimentos

Ao encerrar, Raphael Bastos disse que o governo do Acre tem R$ 2 bilhões para investimentos. Um R$ 1 bilhão foi deixado pelo governo de Tião Viana e R$ 1 bilhão de operações de créditos contraídas junto à Caixa e o Banco do Brasil.

“Hoje o Governo tem quase 2 bilhões pra fazer a máquina rodar... 1 bilhão deixado pelo Governo passado, e pega as matérias das operações aprovadas já no Governo Gladson... com a Caixa e BB”, revela ele ao dizer que este dinheiro todo é para investimento que vai gerar emprego e renda. E alfinetou: se usar o dinheiro pra investimento, esse dinheiro vira mais dinheiro porque a arrecadação própria vai crescer, vai gerar emprego e aumentar o consumo...Se usar o dinheiro pra diárias e passagens e besteiras... o dinheiro vai pelo ralo”.