Não saiu do papel
A inundação do igarapé São Francisco em Rio Branco traz à tona uma promessa política que foi tema de encontros em Brasília e no Acre e virou manchete de jornais locais repetidas vezes: trata-se da propalada revitalização do manancial, que jamais saiu do papel, proposta do senador Marcio Bittar (UB) divulgada durante os quatro anos do governo de Jair Bolsonaro e que contou com o apoio do ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Sales, e de políticos locais como o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, e o governador Gladson Cameli.
Em janeiro de 2021, o governo do Acre informou que teria conseguido R$ 50 milhões em parceria com o gabinete do senador Bittar para a obra, cujo valor final orçado seria de pouco mais de R$ 204 milhões.
No papel, o audacioso projeto previa inicialmente a despoluição do igarapé, retirada de famílias que moram às margens e construção de praças e parque, estações de tratamento de esgoto, recuperação da mata ciliar, construção de pontes para pedestres e atividades de conscientização ambiental e monitoramento.
Em julho de 2020, o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, chegou a prometer, ao lado de Marcio Bittar, que o governo faria a conversão de multas e o aporte de recursos necessários para a revitalização do igarapé São Francisco.
Mas tudo não passou do papel e de pose para fotos para publicações nas redes sociais e em jornais.
No chão da realidade, desde a noite de quinta-feira (23) o transbordamento do igarapé, que corta cerca 18 bairros de Rio Branco, desabriga famílias e gera o caos na capital do Acre.