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POLÍTICA

Secretário avalia a sua gestão, anuncia concurso e diz que a prioridade do governo é elevar a qualidade do ensino

Secretário avalia a sua gestão, anuncia concurso e diz que a prioridade do governo é elevar a qualidade do ensino

Entre urbanas e rurais, existem 630 escolas na rede estadual de ensino. Desse total, 35% não têm biblioteca e 50% não contam com laboratórios de informática. O mesmo levantamento mostra que 220 dessas unidades estão localizadas na zona rural, funcionam de forma multisseriada e a metade não possui energia elétrica.

Além da infraestrutura precária, pesquisas das mais variadas instituições Brasil afora, apontam que 48% dos alunos acreanos chegam ao 3º ano do Ensino Médio sem ter habilidades básicas de leitura, bem como não dominam as operações aritméticas fundamentais. E a pandemia agravou ainda mais essa caótica situação.

Para o saudoso educador e ‘inventor’ da escola pública no Brasil, Anísio Texeira, jamais haverá um projeto de nação sem existir maciços investimentos na educação. “Há algumas décadas, o principal objetivo era não deixar nenhum aluno fora da escola. Agora os desafios são outros. Precisamos melhorar significativamente a qualidade do ensino”, assim concebe o secretário estadual de Educação, Aberson Carvalho de Souza, de 39 anos, que está no cargo há sete meses.

Formando em Ciência Sociais (bacharelado e licenciatura) e pós-graduado em Políticas Públicas, ele já lecionou nas redes privada e pública de ensino. Também já foi diretor Acadêmico da Faculdade Fameta, secretário municipal de Meio Ambiente e diretor-geral do Instituto de Administração Penitenciária (Iapen). “A nossa equipe é comprometida e eficiente. Aliado a isso, contamos com a sensibilidade e o desejo do governador de sairmos dessa situação adversa”, vislumbra ele.

Apesar do perfil técnico, Aberson tem uma forte atuação política. Filiado ao Progressista, esteve nas coordenações das campanhas vitoriosas do governador Gladson Cameli e da futura deputada federal, Socorro Neri, ambos da mesma agremiação. A reportagem o procurou para falar sobre o seu trabalho, o governo que se avizinha e principalmente daquilo que é, depois de sua família, a sua principal paixão —a educação. Veja os principais trechos da entrevista:

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Notícias da Hora – Como é comandar uma das secretarias mais estratégicas do governo?

Aberson Carvalho – A gente trouxe a experiência do chão de escola. Aliado a isso, tenho formação em licenciatura, dei aula no Ensino Médio e fui diretor de uma faculdade. Esta teve o primeiro conceito quatro na Região Norte. Lá trabalhávamos com o mesmo viés, ou seja, com a estruturação funcional e a qualidade do ensino. Sem isso, não vejo outra forma de se chegar a um estado desenvolvido social e economicamente. O nosso governador tem essa consciência.

“O Prato Extra é o maior programa social do governo do Estado”

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Notícias da Hora - Uma parte significativa dos estudantes, que concluíram o Ensino Fundamental e Médio, não sabe decodificar um texto ou fazer operações matemáticas básicas. Qual é a sua opinião sobre isso?

berson Carvalho – Inicialmente, precisamos saber como a educação se desenvolveu no país. Nos anos 80, poucas pessoas tinham a oportunidade de estudar e não existiam tantas escolas. Lembra das filas para se conseguir uma vaga? A partir da década de 90, o grande objetivo da educação passou a ser a universalização do ensino inicial, que era disponibilização de vagas, para não deixar nenhum aluno fora da escola. Hoje superamos essa etapa, ou seja, temos vagas tanto no ensino fundamental como no médio. De lá pra cá, mudou-se o foco. Agora a ordem do dia é a qualificação do ensino, discussão que a gente levanta no Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação), onde eu ocupo a vice-presidência em nível nacional e a presidência na Região Norte. A pandemia nos obriga ainda mais a recuperarmos o ensino.

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Notícias da Hora - Como foi lidar com a pandemia?

Aberson Carvalho – No início tivemos um susto e paramos tudo. Depois, decidimos manter o vínculo com o aluno e passamos a conscientizar os professores de novas estratégias, que, entre outras, estavam a de gravar videoaulas, mandar aulas pelos grupos de whatsapp, imprimir apostilha. Dessa forma, criarmos os instrumentos para manter a relação aluno/professor/escola. Os professores foram verdadeiros heróis, pois foram eles que não deixaram apagar a chama da educação. Foram momentos de muita apreensão e tivemos que nos reinventar. Agora você imagina chegarmos aos alunos da zona rural? Foi um grande desafio. O Brasil e o mundo precisarão de, pelo menos, uma década para se recuperar desse dano.

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Notícias da Hora – Como o senhor avalia a educação nestes quatro anos do governo Gladson Cameli?

Aberson Carvalho – O melhor estar por vir. O governador foi um gigante. Estamos fazendo um investimento de mais de 200 R$ milhões em infraestrutura tecnológica e científica, além da capacitação e formação dos professores. A aquisição de material didático, as ações do Pré-Enem e a iminente transmissão de aulas em canal aberto são algumas medidas de reparação. As escolas estão sendo dotadas de mobiliário e equipamentos. Estamos organizando o ano letivo e nos estruturando para implantarmos laboratórios de informática, biologia, química e física, ou seja, estamos levando uma qualidade estrutural, lógico, olhando também para o professor, na sua formação e capacitação, e também para o aluno. Hoje, por exemplo, estamos organizando a entrega dos tablets para os alunos do Ensino Médio. levaremos esse mundo novo, tecnológico e virtual, para o ensino público. Isso é um desafio enorme de gestão. Investimos também R$ 40 milhões na aquisição de notebooks para os professores e ainda pagamos R$ 100 mensais para a internet. O menor aumento de salário foi de R$ 800 reais. Temos ainda o ticket alimentação de R$ 420 mensais. Aplicamos o piso na base salarial e fizemos o mesmo com outro índice, que é do regime geral. Foi 5,42% que o Estado acrescentou aos salários. A educação foi a única secretaria que teve dois aumentos. Ah, mais uma informação: no próximo ano faremos concursos, o simplificado e o efetivo. E ainda construiremos mais dez escolas militares e implantaremos o Ensino Integral Médio, que amplia a carga horária e eleva a qualidade do ensino, através de aulas virtuais.

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“Durante a pandemia, os professores foram verdadeiros heróis”

Notícias da Hora – Em se tratando de qualidade do ensino, de acordo com o MEC, o Acre ocupa o 16º lugar em nível de Brasil e o 3º na Região Norte. É possível subir essas posições?

Aberson Carvalho – O maior desafio do nosso governo é ficar entre os cinco primeiros lugares. E isso já no meio do mandato. E o que vamos fazer para alcançarmos essa meta? Faremos a qualificação e a capacitação dos professores; pagaremos as VDP’s; iremos adquirir materiais didáticos bem elaborados; faremos acompanhamentos e avaliações permanentes; e valorizaremos os trabalhadores em educação. A nossa filosofia de trabalho é reunir aprender, repensar, discutir, ouvir e adotar medidas resolutivas de forma célere.

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Notícias da Hora - Quais são os gargalos da educação no Brasil?

Aberson Carvalho – Um dos principais é oriundo do próprio MEC, que executa políticas públicas para o Brasil como se fôssemos todos do Centro-Sul. Os tecnocratas planejam um Brasil, mas não conhecem as estradas de barro, os rios, os barracos, os vilarejos e as aldeias isoladas na selva. A logística para fazer chegar a merenda, o material didático e o professor nesses locais remotos é altíssima. Temos escolas, por exemplo, que só funcionam no período das chuvas, enquanto outras apenas no verão porque os ramais ficam intrafegáveis.

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Notícias da Hora – Comente sobre a entrega de fardamentos, material escolar e a merenda

Aberson Carvalho – Além do carisma e da empatia com a população, o Gladson tem humanidade e sensibilidade. O fardamento já é de praxe e os pais estão economizando R$ 170. Quanto ao material escolar, que os pais gastavam em torno de R$ 250, o governo se comprometeu em fornecer no próximo ano. No tocante à alimentação, temos uma novidade, o Prato Extra, que é num investimento de mais de R$ 100 milhões. Isso é garantia de segurança alimentar para os alunos. É o maior programa social do governo do Estado. Nas férias no meio do ano, o governador pediu para que mantivéssemos as escolas abertas. E o motivo? Para os alunos acessarem o local e se alimentar.

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