Parece fim de feira (como se diz em Cruzeiro do Sul) a situação dos mal iniciados governos de Bolsonaro e de Gladson Cameli. Eles tiveram seis meses para ajustar as estruturas das administrações federal e estadual aos seus Planos de Governo e apresentar os primeiros resultados, iniciando o cumprimento de suas promessas de campanhas – que não foram poucas. Mas, infelizmente, o presidente e o governador apenas tangem uma confusão diária com brigas dentro de seus governos, polêmicas públicas desnecessárias e quase nada de realização.
Fui eleita para o meu quarto mandato na Câmara Federal como a única parlamentar de oposição na bancada federal acreana, formada por oito deputados e três senadores. Mesmo diante de um governo desastrado, tento entender e apoiar tudo que contribua para o Brasil sair da crise e voltar a crescer. Converso com todos e apoio tudo que é bom para o Acre. Tenho compromisso com as causas populares e também é meu dever fiscalizar e cobrar dos governos tudo que eles prometeram à população. Por isso, junto à prestação de contas dos cinco primeiros meses de trabalho desse meu mandato, trago minha avaliação dos seis primeiros meses dos governos Bolsonaro e Gladson Cameli.
A mídia especializada reconhece nosso mandato como um dos mais produtivos. Participamos do debate dos problemas nacionais sem descuidar dos interesses do Acre. Como compromisso de campanha, defendo a anistia das dívidas do FIES e para isso já apresentei um Projeto de Lei. Trabalhei contra a Reforma da Previdência proposta por Bolsonaro porque ela prejudica os mais pobres e dificulta uma aposentadoria digna para todos, notadamente para mulheres e trabalhadores rurais. Sou membro da Comissão Especial que não deixou o BPC cair de um salário mínimo para R$ 400, como o governo queria. Tenho atuado nas Comissões de Defesa do Consumidor, de
Relações Exteriores e de Segurança Pública. E no Parlasul, o meu foco é na revalidação de diplomas dos nossos estudantes de medicina nos países vizinhos.
Trabalho em Brasília, mas não deixo de andar pelos municípios do Acre e de conversar com as pessoas. Havia muita expectativa em relação ao governo eleito, mas agora o que mais escuto é que está tudo pior. Aumentou o desemprego, a violência, a quantidade de pessoas em situação de rua e a saúde piorou na capital e no interior.
Até agora o governador Gladson Cameli só deixou claro que não tem um projeto de desenvolvimento para o Acre. Seu governo está perdido em disputas internas e ninguém sabe quem governa, se o governador ou o vice. A única certeza é que o primeiro semestre do Governo Gladson Cameli é o pior quando comparado com o mesmo período dos outros governos de vinte e cinco anos para cá, o que inclui todos da Frente Popular e do seu tio, Orleir Cameli.
No mesmo sentido, a imprensa nacional mostra que o primeiro semestre do Governo Bolsonaro é o pior desde Fernando Henrique Cardoso. O mito ainda não apresentou nenhum projeto para o país, só fomentou desavenças no Twitter com parlamentares, instituições e com a própria população. Suas propostas são toscas, como salvar a economia exportando abacate para a Argentina, ou cruéis com a maior parte dos brasileiros, como a sua Reforma da Previdência, a liberação de armas, os cortes na educação. O seu ministro da Justiça e Segurança Pública já foi três vezes aos Estados Unidos, mas não atende nosso convite para conhecer as fronteiras do Acre, por onde passam as armas e drogas que abastecem a guerra das facções no estado. Na educação o que fez foi cortar verbas da UFAC e, na saúde, retirar mais de cem médicos dos nossos municípios. Como se pode ver, Bolsonaro é um ingrato com o Acre, onde teve uma das mais expressivas votações entre os estados.
Seis meses passaram voando e os mal iniciados governos Federal e Estadual ficaram marcados por aviões: o de Bolsonaro pelos 39 quilos de cocaína presos em um Boeing presidencial em escala na Espanha e o de Gladson, pelo debate, se licita ou não um jatinho para o governador chamar de seu. Enquanto isso, a gente segue de pé no chão, trabalhando com fé no reencontro do Brasil e do Acre com a Justiça, o desenvolvimento e a esperança no futuro.
*Perpétua Almeida – Deputada Federal é a única parlamentar de oposição entre os senadores e deputados federais acreanos.