O professor universitário Francisco Nepomuceno — conhecido como Carioca e considerado um dos principais formuladores políticos dos governos petistas no Acre — analisou no podcast Papo Informal desta quinta-feira, 4, apresentado pelo jornalista Luciano Tavares, os fatores que, em sua visão, explicam a reeleição do prefeito Tião Bocalom e o peso político do governador Gladson Cameli no cenário estadual.
A conversa começou com uma pergunta direta de Luciano, que mencionou “a capacidade de eleger, ou reeleger, usando a máquina estatal” e lembrou que Bocalom saiu vitorioso “contra tudo e contra todos”, inclusive superando o candidato da antiga Frente Popular, o petista Jorge Viana. “A que se deve isso, Carioca?”, questionou o apresentador.
O professor respondeu apontando transformações profundas na política contemporânea. Segundo ele, a ascensão da comunicação digital redefiniu a forma como lideranças se conectam com o eleitorado. “A política sofreu muitas modificações no período recente. Quando você pensa a política que introduz a ideia da comunicação, o mundo digital e as redes sociais, isso dá um diferencial muito grande”, afirmou.
Para Carioca, o governador Gladson se destaca justamente por dominar esse novo ambiente. Ele descreve o atual chefe do Executivo como alguém cuja força eleitoral está diretamente ligada à capacidade de comunicação e à performance pública.
“A política é entendida como conteúdo e performance. E, quando eu falo de performance, estou colocando a capacidade que alguém tem de se comunicar, de performar, e sobretudo de ter muita habilidade em relação às redes sociais. Associado ao carisma pessoal, o Gladson é muito carismático, sabe se comunicar muito bem. Nesse universo, ele tem uma capacidade enorme”, analisou.
O ex-assessor petista afirmou acreditar que Cameli será lembrado futuramente mais pela habilidade de comunicação do que pelas entregas administrativas. E foi além: “Em condições normais, se o Gladson for candidato [ao Senado], nós teremos uma única vaga. Não só ganhou a reeleição como seguramente seria favorito para uma das vagas, caso seja candidato. Isso é pessoal, isso não se transfere”.
Carioca também chamou atenção para um movimento incomum na política local: o fato de o governador não lançar candidato próprio à Prefeitura de Rio Branco em 2024, optando por apoiar Tião Bocalom. Ele comparou o cenário com o período dos governos petistas, quando “o candidato a ser derrotado era o candidato do governo”, mesmo nos anos em que o grupo saiu derrotado.
Ao longo da entrevista, o professor reforçou a tese central de sua análise: a combinação entre carisma, domínio das redes e performance comunicativa compõe o núcleo da popularidade de Gladson Cameli — e, por extensão, influencia os resultados eleitorais no Acre.
