Funcionário é acusado de utilizar-se do cargo de assessor do deputado Jesus Sérgio para tentar furar a fila do SUS; servidor diz que nunca falou isso durante o atendimento na unidade hospitalar e que esperou por 2h30 para ser atendido. Disse ainda que sua classificação de risco era verde e não azul.
O servidor público Manoel Olivan da Silva Araújo denunciou a postura da médica Salete Henrique, que atende no Hospital Sansão Gomes, em Tarauacá, município distante da capital Rio Branco, 409 quilômetros. Ele conta que está com covid-19 e ao buscar atendimento na unidade, foi ignorado pela profissional de saúde.
Manoel relata que Salete ficou chateada porque horas antes ele gravou um vídeo dela discutindo com pacientes na entrada do Hospital. Olivan foi atendido por um outro profissional.
Em um vídeo que o Notícias da Hora teve acesso, Salete Henrique aparece batendo boca com um paciente. Salete ordena que o paciente, que aguarda atendimento, deixa-a falar. “Espere, deixei eu falar, que você já falou”.
O Notícias da Hora conversou com o diretor-geral do Hospital Sansão Gomes, Francisco Assis Sampaio. Ele disse que “para a gerência-geral não chegou nenhuma denúncia por parte do paciente”. Mas, pontou que o Manoel é servidor público da Prefeitura de Tarauacá e estava na unidade em busca de um 3º atestado médico. A médica Salete Henrique se recusou a fornecer um novo atestado por entender que não caberia a expedição do documento, sendo que não haveria mais tal necessidade. Ainda de acordo com o diretor-geral, a médica foi “humilhada”, e que há um “fluxo” a ser respeitado. Ele destacou que há pacientes graves com covid-19 internados no Hospital e que este tipo de situação só atrapalha o trabalho da equipe.
“Chegou com 2 atestados e querendo um terceiro atestado. Ele humilhou a médica, fazendo um vídeo e dizendo que a médica não atende. Se ela não ajuizar uma ação, o hospital vai ajuizar. Eu entendo a razão dela. O paciente queria apenas um atestado médico. Tem pacientes mais graves. A ficha dele era azul, era paciente que era pra ser atendido em posto. Foi atendido dentro da unidade”, destacou.
Francisco Assis completou informando que Manoel Olivan chegou ao hospital dizendo que era assessor do deputado Jesus Sérgio. “Ainda tem outra coisa: se colocar como assessor do deputado Jesus Sérgio não gera direito de ser atendido na hora. Segue o mesmo fluxo como qualquer paciente. Pois foi essa a fala dele para a equipe que lhe recebeu. Sempre colocando como assessor do deputado. Buscou atendimento e recebeu, dentro das normas e direito do SUS”.
Não conseguimos contato com a médica Salete Henrique, porém o espaço permanece aberto para ela falar sobre o caso.
Novo capítulo
O servidor público Manoel Olivan da Silva Araújo procurou o Notícias da Hora nesta terça-feira (8) para rebater as declarações do diretor-geral do Hospital de Tarauacá Sansão Gomes, Francisco Assis Sampaio. De acordo com Olivan, ele não esteve na unidade em busca de um atestado médico, como mencionou Sampaio, mas sim porque estava com dores no peito e tosse.
“Eu fui em busca de atendimento pois já estava com 2 dias com uma tosse e dores no peito fui testado com covid chegando lá fui atendido pela recepcionista e aguardei lá. Portanto, ela saiu da sala dela pra discutir com os pacientes que estavam aguardando atendimento. Quando vi a discussão, gravei e ela percebeu que estava gravando. Daí passei 2 horas aguardando atendimento, não quis furar fila, aguardei essas 2 horas e meia pra ser atendido. Minha ficha era verde e não azul, como foi retratado na matéria. Quando cheguei na sala, ela simplesmente levantou e disse que não era obrigada a me atender e fiquei sozinho na sala e com isso eu gravei o vídeo quando ela se retirou da sala, porque foi algo desumano. Pois é direito de qualquer usuário do SUS ser atendido. E levantaram notícia falsas sobre mim, não me passei por assessor nenhum, sou apenas funcionário da Secretaria de Obras, não tentei furar fila”, disse o servidor.