As insatisfações com os rumos que o delegado-geral de Polícia Civil, Henrique Maciel, tem dado à instituição tem se transformado em uma série de denúncias. Mais uma delas chegou ao conhecimento do Notícias da Hora por meio de um grupo de servidores.
De acordo com os servidores, Henrique Maciel tem extrapolado suas competências e colocado em risco o sigilo profissional e investigações em curso na instituição. O alvo da denúncia desta vez seria a nomeação, via portaria, do chefe da Coordenadoria de Recursos Humanos, Almir Fernandes Filho. O grupo alega que o cargo sempre foi ocupado por servidor de carreira da Polícia Civil, porém sob o comando de Maciel, essa lógica foi alterada.
“O Henrique colocou um cara que não pertence à instituição. O homem do Recursos Humanos tem acesso à toda vida funcional dos servidores da Polícia, inclusive, tem acesso a dados pessoas como endereço da minha casa, informações de quantos filhos tenho, aos dados dos investigadores, identificados como P2, do Serviço de Inteligência. Tudo isso pode ter vazado, já que até um rádio comunicador cautelado da Polícia Civil foi encontrado com um investigado por integrar uma facção criminosa”, afirmam os denunciantes.
A aparente denúncia sem maiores gravidades encontra um cenário perigoso ao revelar que um dos filhos de Almir Fernandes é ligado a uma facção criminosa. Este foi alvo de cumprimento de um mandado expedido pela Vara de Delitos de Organizações Criminosas da Comarca de Rio Branco. Durante o cumprimento de mandado de os policiais encontraram na residência de Wesley Douglas Oliveira Fernandes, além de um simulacro de pistola, um rádio comunicador da Polícia Civil. O auto circunstanciado de busca e apreensão domiciliar mostra que o fato se deu em julho deste ano.
Almir Fernandes Filho é servidor de carreira da Secretaria de Estado de Segurança Pública. Ele foi colocado à disposição da Polícia Civil no dia 7 de julho pelo governador Gladson Cameli, como mostra cópia do decreto nº 4.369-P de 7 de julho de 2023. O servidor à disposição da Civil poderia ter sido lotado em qualquer outra função da instituição, porém Henrique Maciel, segundo os servidores denunciantes, resolveu inovar.
A pergunta que se faz dentro da Polícia Civil hoje é: como Wesley Douglas Oliveira Fernandes teve acesso a um rádio usado pela instituição e qual a finalidade dele? Outras perguntas que pairam no ar: Será que as investigações e operações da Polícia Civil estão sendo acompanhadas “online” pelo crime organizado? Quem tem interesse nisso e o que está ganhando com isso? Os nossos policiais civis atuantes correm risco de terem suas informações pessoais vazadas ao crime organizado? Com a palavra o delegado-geral de Polícia Civil, Henrique Maciel.
O outro lado
Henrique Maciel rebate denúncias: "Eu sei de onde está partindo essas denúncias totalmente infundadas"
A reportagem do NH falou, por telefone, com o Delegado-Geral da Polícia Civil do Acre, José Henrique Maciel Ferreira, sobre as denúncias contidas nessa matéria.
De acordo com o Chefe da Polícia Judiciária, o Coordenador do Departamento de Recursos Humanos da Polícia Civil é funcionário de carreira da Secretaria de Justiça e Segurança Pública e, em gestões passadas, já ocupou o mesmo cargo que está ocupando no momento.
Maciel enfatizou ainda que, "não há nada que desabone Almir Fernandes Junior, que até que se prove o contrário é uma pessoa íntegra de conduta e caráter inquestionável. É um servidor de carreira da Sejusp, inclusive ocupando o mesmo cargo em gestões anteriores".
Henrique Maciel ressaltou também que Almir Fernandes Junior foi nomeado no cargo por conta da coordenadora do setor estar afastada por gozo de licença-maternidade.
"Quem coordenava o setor de Recursos Humanos era a policial civil Ludiana Nogueira, que está de licença-maternidade, então por conhecer o Almir, solicitei sua cessão", explicou.
Quanto às suspeitas do filho de Almir Junior, Wesley Douglas Oliveira Fernandes, supostamente integrar facção criminosa, Henrique Maciel afirmou que o pai não pode ser responsabilizado por supostos erros do filho. E caso haja indícios de qualquer ação criminosa ele deve ser investigado e, se comprovado, punido nos rigores da Lei.
"Um pai não pode ser responsabilizado por qualquer erro do filho, assim como eu ou você não podemos ser responsáveis pelos erros de nossos filhos ou parentes, o Almir não pode ser responsabilizado por erros do seu filho. Se houve qualquer indício de crime, que esse jovem seja investigado e se comprovado algo, que seja punido nos rigores da Lei".
Henrique Maciel finalizou a conversa afirmando que esta é mais uma denuncia infundada e que tem por objetivo tentar desestabilizar a sua gestão e manchar a sua imagem.
"Eu sei de onde estão partindo essas denúncias totalmente infundadas. Querem manchar a minha imagem e tentar desestabilizar a gestão, mas não irão conseguir", finalizou.