Após ser anunciado por membros do alto escalão de Gladson Cameli (PP) que não seria mais o porta-voz do governo, o jornalista Rogério Wenceslau Rogério abriu o jogo nesta segunda-feira (18) a respeito de sua demissão.
Em um texto longo, Wenceslau abre dizendo: “Para mim, a benção foi ter saído”. O jornalista diz que depois de ser julgado e noticiado pela imprensa, era hora dele falar a respeito do caso.
Demonstrando tranquilidade na narração dos fatos, Wenceslau disse que entrou no governo por méritos próprios, sem indicação política. “Eu entrei nesse governo por mérito próprio, não por indicação de partido nem de político algum, (eu nem estou filiado a partido). O que me levou para o governo foi o meu sucesso profissional como jornalista, não devo nada a ninguém, a não ser satisfações ao contribuinte”, pontua.
Rogério Wenceslau disse aquilo que já vinha sendo propagado na imprensa do Acre. O cargo de porta-voz não existia. Foi extinto com a reforma administrativa proposta por Cameli no final de dezembro 2018. Ele se diz enganado com algo que não existia de fato.
“Vamos desmascarar esse governo logo de uma vez, certo? Eu nunca fui “porta-voz” do governo. Esse cargo não existe na estrutura do governo. Me prometeram esse cargo, me enganaram. Depois me prometeram uma assessoria especial, me enganaram de novo. Depois me ofereceram uma diretoria, aí eu aceitei porque senão eu ia terminar sem nada”.
O jornalista, apresentador de sucesso na TV Gazeta em Rio Branco, deixou o emprego no final do ano para assumir o cargo de confiança no governo de Gladson Cameli.
“Só me submeti a essa humilhação porque já tinha pedido demissão do meu antigo emprego, tenho família para sustentar, e também porque o governador me garantiu que ia corrigir isso, o que não fez, é claro”, salienta.
Wenceslau disse que de promessas em promessas, os meses foram passando. Sem cumprir o que lhe havia prometido, o governo de Cameli passou a ser visto “como uma fraude”.
“Trabalhei quase um mês sem receber nada, e no mês que já estava nomeado, o salário que recebi como “diretor” foi metade do valor que me prometeram quando me chamaram para compor o governo como “porta-voz”. Da parte do governo para comigo foi uma fraude em todos os sentidos. Mesmo assim, de minha parte, cumpri com minha obrigação, e o fiz com zelo e dedicação, como tudo que faço. Quem quiser confirmar pergunte aos repórteres com quem eu conversava todos os dias”, disse Wenceslau.
LEIA MAIS:
Demissão de Rogério Wenceslau partiu do alto comando do governo do progressista Gladson Cameli
Governo diz que decisão de demitir Wenceslau visa reformulações no setor de Comunicação
Apresentadora Mirla Miranda será a nova porta-voz do governador Gladson Cameli
Veja o texto na íntegra.
Para mim, a benção foi ter saído !
Olá meus amigos, agora que a imprensa já noticiou, todo mundo já comentou, e eu já fui julgado... é minha vez de falar.
Eu entrei nesse governo por mérito próprio, não por indicação de partido nem de político algum, (eu nem estou filiado a partido). O que me levou para o governo foi o meu sucesso profissional como jornalista, não devo nada a ninguém, a não ser satisfações ao contribuinte.
Vamos desmascarar esse governo logo de uma vez, certo? Eu nunca fui “porta-voz” do governo. Esse cargo não existe na estrutura do governo. Me prometeram esse cargo, me enganaram. Depois me prometeram uma assessoria especial, me enganaram de novo. Depois me ofereceram uma diretoria, aí eu aceitei porque senão eu ia terminar sem nada.
Só me submeti a essa humilhação porque já tinha pedido demissão do meu antigo emprego, tenho família para sustentar, e também porque o governador me garantiu que ia corrigir isso, o que não fez, é claro.
Trabalhei quase um mês sem receber nada, e no mês que já estava nomeado, o salário que recebi como “diretor” foi metade do valor que me prometeram quando me chamaram para compor o governo como “porta-voz”.
Da parte do governo para comigo foi uma fraude em todos os sentidos. Mesmo assim, de minha parte, cumpri com minha obrigação, e o fiz com zelo e dedicação, como tudo que faço. Quem quiser confirmar pergunte aos repórteres com quem eu conversava todos os dias.
Apesar de estar no alto escalão do governo, não concordava com os erros e trapalhadas que a sociedade está assistindo, atônita, desde o início. Bati de frente com aqueles de dentro do governo que tem interesses particulares e tentam manobrar as coisas em benefício próprio.
Também bati de frente com os de fora, que também tem interesses escusos, e tentam barganhar através de chantagem. Isso fez de mim uma ameaça ambulante para muitos, e desagradou o governador, por isso ele me exonerou.
É um governo fraco, confuso, sem rumo, que ainda não mostrou a que veio, e se continuar assim vai ser um fracasso completo. Este governo está cheio de incoerência, deslealdade entre os que o compõe, e principalmente, está cheio de gente despreparada para os cargos que ocupam. O resultado é que as coisas no Acre, no que depende do governo, atualmente estão piorando ao invés de melhorar, alguém duvida?
Tudo que diz respeito ao governo é do interesse público, e qualquer um de seus servidores tem a obrigação legal e o dever moral de defender as práticas republicanas. Falando em nome do governo jamais iria compactuar com qualquer coisa que minha consciência desaprovasse.
Sempre agi pensando no interesse coletivo, paguei o preço. Saio limpo e de cabeça erguida, como em todos os desafios que enfrentei até hoje.
Lamento que este governo tenha começado no rastro do que o antecedeu, fingindo, enganando e maltratando a população. Eu sou prova viva disso! Não falo só por mim, observem tudo o que está acontecendo e vão me dar razão. Uma coisa que começa errada não tem como terminar certa, e isso nada tem a ver com “ainda está no começo”, só um tolo não enxerga!
Em defesa deles, vão dizer que eu só falo isso agora porque fui exonerado. Mais é o contrário, eu só fui exonerado porque essa sempre foi minha opinião, e não vai mudar por causa de salário, cargo, ou para agradar o governador ou quem quer que seja.
Por último, antes de decidirem por me exonerar, me ofereceram uma SEC 7, para eu deixar de ser o “porta-voz” e ficar quieto, parar de incomoda-los, ou constrange- los. Eu fiquei com vergonha alheia nessa ocasião. Eles realmente não me conhecem...
Graças a Deus fui exonerado, para mim a benção, nesse caso, foi ter saído, ao invés te ter ficado. Se tiver mais algum destemido como eu, que zela pelo nome e a reputação que tem, vai pedir para sair ou dar um jeito de ser exonerado, porque o ambiente é caótico e moralmente insalubre.
Eu não preciso disso para viver! Enquanto lá estive fui muito boicotado, e ajudado também por alguns, poucos, a quem sou grato. No governo incomodei muita gente sem escrúpulos, aqui fora, como jornalista, vou incomodar muito mais.
Rogério Wenceslau