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POLÍTICA

Supostas irregularidades no fornecimento de alimentação para presídio no Acre são denunciadas ao Ministério Público

Supostas irregularidades no fornecimento de alimentação para presídio no Acre são denunciadas ao Ministério Público

Denúncias de irregularidades no fornecimento de alimentos para o sistema prisional do Acre levantam questionamentos sobre a eficiência e legalidade dos contratos estabelecidos entre o Instituto de Administração Penitenciária do Acre (IAPEN) e a empresa Gran Nutriz. As acusações abrangem o período desde o início do contrato em junho de 2020 até as recentes denúncias de setembro de 2023.

Um relatório elaborado dentro da unidade prisional revela que a Gran Nutriz, responsável pelo fornecimento de refeições aos presos do complexo penitenciário de Rio Branco, está oferecendo um serviço de baixa qualidade, com irregularidades na quantidade e segurança dos alimentos. Surpreendentemente, a empresa recebeu um reajuste de 66,64% no valor do contrato com o Instituto de Administração Penitenciária do Acre (IAPEN).

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Histórico do contrato

A prestação de serviços pela Gran Nutriz iniciou em junho de 2020, regida pelo Contrato 31/2020/IAPEN. Nos primeiros 11 meses, a empresa manteve-se dentro das exigências, apesar de sete ocorrências notificadas, incluindo mudanças na preparação das refeições e acúmulo de resíduos.

Após a renovação contratual em junho de 2021, surgiram problemas recorrentes, como baixa gramatura das proteínas, falta de balança para pesagem, transporte irregular das marmitas, violando normas como o RDC n°. 16/2004 e Boas Práticas de Fabricação (BPF).

Em 16 de maio de 2022, durante a fiscalização, constatou-se que as instalações da cozinha não estavam em conformidade com os regulamentos técnicos de boas práticas para serviços de alimentação. O piso, paredes e teto apresentavam problemas como infiltrações, quebras e rachaduras, comprometendo a higiene e segurança alimentar.

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Alertas e notificações

As denúncias foram levadas ao presidente do IAPEN na época, Glauber Feitoza Maia, que prometeu medidas imediatas. No entanto, mesmo após notificações e solicitações de aditivos de prazo, as irregularidades persistiram.

As inúmeras notificações ficaram paradas no setor de Controle Interno, gerando questionamentos por parte da fiscalização e juízes. Processos que deveriam ser analisados em 2 meses perduraram por 1 ano. Em análise sumária, um dos autos enviado à Corregedoria do IAPEN passou mais de 01 (UM) ANO hibernando neste setor, antes de declarar sua incompetência.

A denúncia afirma que a fiscalização do IAPEN procurou pessoalmente o presidente do órgão, Glauber Feitoza Maia à época, informando sobre a situação crítica da Gran Nutriz e sugerindo a realização de um novo pregão para contratar outra empresa, mas nada foi feito.

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Ineficácia das providências

Mesmo com procedimento administrativo em andamento e a promessa de abertura de um novo pregão, as falhas na execução dos serviços continuaram. O contrato foi renovado novamente, levantando dúvidas sobre a efetividade das medidas adotadas.

A principal preocupação é a baixa gramatura de proteínas nas refeições para os reeducandos. Apesar das notificações à empresa desde 2021, as aferições continuam revelando quantidades abaixo do estabelecido, questionando o processo manual de porcionamento e a insatisfação dos reeducandos com a falta de proteína em suas refeições e os cansativos cardápios.

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A análise das cláusulas contratuais destaca as obrigações da Gran Nutriz, incluindo manter a compatibilidade com as obrigações assumidas, reparar vícios nas refeições e garantir planos de contingência. A empresa, no entanto, parece não cumprir esses requisitos, impactando a qualidade das refeições e a segurança alimentar.

Uma fiscalização in loco revelou que o cardápio apresentado para aprovação do fiscal é genérico, sem detalhes sobre quantidades ou gramaturas usadas. Essa falta de detalhamento compromete a verificação do cumprimento contratual, impossibilitando avaliar se as gramaturas atendem aos padrões estipulados.

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A situação se agravou em setembro de 2022, quando ocorreu uma greve de fome entre os reeducandos devido à insatisfação com as refeições, especialmente carne moída, galinha desfiada e salsicha. A recusa no recebimento desses itens representa um risco significativo para a segurança no complexo penitenciário.

Vale ressaltar que de todas as notificação de investigação em desfavor da empresa, o IAPEN perdeu o prazo e consequentemente os processos resultam em arquivamento.

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Desdobramentos e denúncias públicas

Em setembro de 2023, o Promotor de Justiça Talles Tranin constatou, em vistoria, condições inadequadas nas marmitas destinadas aos detentos. Vídeos circularam, evidenciando a disparidade entre o contratado (mínimo de 150g de proteína) e o que era servido.

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Nossa reportagem procurou o promotor da Vara de Execuções Penais Tales Tranin para ouvi-lo sobre as denúncias enviadas a nossa reportagem , e segundo ele " O ministério público fez centenas de inspeções nesses anos todos no complexo prisional de Rio branco, e por diversas vezes recebeu denúncias de reeducandos e familiares sobre irregularidades na alimentação fornecida aos reeducandos tais como repetição de cardápio, qualidade da comida oferecida, falta de quantidade certa de proteína por marmita etc e sempre oficiou ao iapen pedindo providências. Era o que cabia ao órgão fiscalizatorio fazer e o iapen apurar e tomar as medidas legais cabíveis para sanar tal problema" comentou o promotor.

Familiares dos presos protestaram, exigindo ação imediata do IAPEN para resolver a situação. O contrato milionário com a Gran Nutriz, que recebe mais de R$ 1 milhão mensalmente, tornou-se alvo de denúncias e questionamentos.