A sessão desta terça-feira, 21, na Câmara Municipal de Rio Branco foi marcada por um discurso contundente do vereador João Paulo Silva (Podemos), que usou a tribuna para denunciar o que chamou de má condução dos trabalhos por parte da Mesa Diretora, presidida por Joabe Lira (PP). Em tom crítico e por vezes irônico, João Paulo fez um alerta: “Não deixe descer do seu coração para não dar nenhum problema coronariano”.
A fala, que misturou advertência simbólica e provocação, expôs tensões internas que, segundo o parlamentar, vêm se acumulando há meses. “Daqui a pouco vai explodir os problemas dessa Casa por falta de condução de quem está à mesa”, disparou, referindo-se diretamente à gestão de Lira.
A crítica surgiu inicialmente a partir de um assunto aparentemente trivial: o serviço de copa do parlamento mirim. João Paulo denunciou que o servidor responsável por preparar e servir o café estaria trabalhando sozinho, em condições que ele classificou como “insalubres”.
Para o vereador, a situação reflete um descaso maior com a infraestrutura e os funcionários da Câmara. “É um trabalhador que está lá, sozinho, e ainda em um ambiente que não oferece condições dignas. Isso reflete o descaso generalizado com a estrutura desta Casa”, afirmou.
O parlamentar cobrou publicamente a contratação de novos servidores, mas a resposta do presidente da Casa foi uma justificativa financeira. Segundo Joabe Lira, a Câmara enfrenta dificuldades desde o aumento no número de vereadores — de 17 para 21 — nesta legislatura. “Tivemos dificuldade para pagar os salários dos setores no último mês”, admitiu Lira.
No entanto, foi a acusação de falta de diálogo e de centralização das decisões que deu o tom mais grave do discurso. João Paulo acusou a presidência de ignorar os demais parlamentares e de não promover discussões internas sobre os problemas da Casa. “Quando não há discussão dentro de uma sala trancada, há discussão que vem a público. As coisas têm que ser debatidas de maneira democrática, não da maneira que está sendo”, reforçou.
João Paulo também lamentou que, após um ano de gestão, os mesmos problemas persistem. “Há um ano é o mesmo discurso”, afirmou, acrescentando que a Casa precisa de uma condução mais transparente, participativa e institucionalizada.
O vereador finalizou sua fala defendendo uma maior valorização do diálogo entre os 21 parlamentares que compõem o Legislativo municipal.