O prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, tem falado em diferentes entrevistas que a o elevado da Dias Martins, cuja entrega segundo ele será em julho, é a chegada da modernidade. Bocalom também defende a verticalização, quando anuncia a construção de prédio de 40 andares na capital, o que é criticado por alguns de seus oposicionistas.
Prédios, elevados e viadutos, segundo o prefeito, farão parte de uma nova Rio Branco. Além da obra de Dias Martins há o viaduto da AABB e o complexo viário da avenida Ceará na confluência com a Getúlio Vargas, no Centro de Rio Branco, de responsabilidade do governo do Estado, que está em sua fase inicial.
Para além do discurso político, o Blog da Hora conversou com um especialista no assunto. Trata-se do professor da Universidade Federal do Acre, Roberto Feres, engenheiro civil com formação em engenharia urbana e com atuação em engenharia de tráfego, geotecnia, trânsito urbano e obra viária.
Abaixo a entrevista com o professor Roberto Feres:
O elevado da Dias Martins vai resolver o problema no trânsito da região?
Essa obra faz sentido porque o cruzamento estava causando uma grande quantidade de acidentes e a segregação do trânsito, no caso, é a forma mais eficiente de solução.
Não sei exatamente como se dará o fluxo de conversões à esquerda, tanto vindo do Centro pela Dias Martins e indo para a Uninorte quanto o que vem da Uninorte e segue para a direção do Armando Nogueira.
E o elevado da AABB?
É um local de gargalo e precisa da segregação dos movimentos de maior fluxo para que dê vazão nos horários de pico, principalmente nos finais de tarde.
O problema ali é que o maior fluxo de quem vem da Dias Martins é para a Rua Isaura Parente que só tem uma faixa de tráfego, insuficiente para essa vazão.
Embora a solução deva melhorar muito o trânsito de quem volta para o bairro, enquanto não houver uma duplicação da Isaura Parente, continuará ocorrendo o congestionamento na rotatória, eventualmente prejudicando também quem segue para o Centro.
Há em fase inicial a construção de um viaduto no cruzamento entre as avenidas Ceará e Getúlio Vargas... É a solução?
Falam alí num Complexo Viário. A obra, em si, não resolve absolutamente nada porque para os dois lados da Ceará há gargalos. Congestiona na esquina da Marechal e também na da Floriano. Dar vazão ali é aumentar a rapidez que os veículos chegarão à próxima esquina.
Para resolver isso será preciso, ao menos, ampliar a capacidade de vazão da Ceará, nos dois sentidos, e também das vias que seguem para o José Augusto, São Francisco e 4ª Ponte.
O prefeito tem falado em verticalização da cidade, o que ele chama de mordenidade...
Existem alguns índices urbanísticos que "se conversam". Um deles é o Gabarito (quantidade de andares). Outro o Aproveitamento e outro a Ocupação.
Um prédio alto pode gerar uma ocupação baixa se estiver muito espaçado das demais construções, isto é, se ocupar uma porção pequena do terreno. Isso pode ser adequado para locais baixos e que podem ser suscetíveis a enchentes, por exemplo.
Ocupações elevadas, que provocam grande concentração de prédios e pessoas exigem disponibilidade de infraestrutura (Redes com maior capacidade, sistema viário adequado para vazões maiores e disponibilidade maior de vagas de estacionamento etc).
Por outro lado, prédios altos exigem fundações mais complexas e é necessário um bom conhecimento do subsolo de cada local, lembrando que nossa formação geológica no 1º Distrito é formada por camadas argilosas de resistências muito variadas e no 2º Distrito é formada, predominantemente, por areias muito finas. Mas esse é um problema para a Engenharia.