A WWF, a organização ambientalista mais conceituada do mundo, diz que o senador acreano Márcio Bittar, do MDB, vai seguindo criteriosamente a cartilha do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que na polêmica reunião ministerial de 22 de abril, defendeu “passar a boiada” na legislação ambiental vigente do país, enquanto a atenção da mídia estava na cobertura da pandemia do coronavírus.
Em outras palavras, Salles defendeu fragilizar as normas legais que tratam do meio ambiente para atender a interesses escusos. No caso de Márcio Bittar, segundo a WWF, o senador aproveita o atual momento de pico dos casos da Covid-19 no Acre para avançar projetos de infraestrutura com grandes impactos para umas das regiões mais bem preservadas e biodiversas da Amazônia: o Vale do Juruá.
Em reunião nesta semana com o diretor-presidente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), o general Antônio Leite dos Santos Filho, o parlamentar anunciou, ainda para 2020, o planejamento do Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (Evtea) do trecho da BR-364 entre Cruzeiro do Sul, no Acre, e Pucallpa, no Peru.
Embora o Acre já esteja conectado ao país vizinho pela BR-317, a Rodovia Interoceânica, o atual governo do Estado defende a obra como forma de impulsionar o desenvolvimento da região. Além da Serra do Divisor, o traçado da estrada também passaria pela Terra Indígena Puyanawa. Apesar dos impactos socioambientais, a construção foi defendida por Ricardo Salles durante visita a Cruzeiro do Sul no ano passado.
“A conexão com o Peru é extremamente importante para o desenvolvimento do Acre, como bem colocaram todas as lideranças. O governo do presidente Jair Bolsonaro apoia essa decisão que promove a economia e fomenta a expansão dos mercados”, disse o ministro do Meio Ambiente na ocasião.
A rodovia vai passar por uma das regiões mais bem preservadas da Amazônia, e que concentra uma das maiores biodiversidades do planeta. E causará impactos, sobretudo, no Parque Nacional da Serra do Divisor, que Bittar quer transformar em Área de Proteção Ambiental (APA), cujas regras de proteção são menos rígidas.
Junto com a deputada federal Mara Rocha (PSDB-AC), o senador bolsonarista defende o projeto de lei (PL 6024/19) que reduz a área da Reserva Extrativista Chico Mendes e “rebaixa” o Parque Nacional