Deputada federal afirma que não se sente culpada pela invasão antidemocrática de Brasília
"Ele seria um remédio se tivesse dito que era para as pessoas saírem dos quartéis", disse a parlamentar em entrevista ao jornal "Folha de S.Paulo", publicada nesta quinta-feira (23). A deputada referia-se a uma "live" feita pelo ainda presidente em 30 de dezembro. Até então ele não havia reconhecido claramente a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A transmissão foi feita horas antes de Bolsonaro viajar para os Estados Unidos, onde está até hoje. Naquela ocasião, havia diversos pontos de concentração de bolsonaristas diante de quartéis do Exército, entre eles o de Brasília, de onde saíram parte das pessoas que participou da invasão e depredação das sedes do Congresso, do Planalto e do Supremo Tribunal Federal, em 8 de janeiro.
Na época dos atos, Zambelli estava sem acesso às suas redes sociais, bloqueadas por ordem judicial. "Eu soube no dia 7 que as pessoas subiriam para a Esplanada. Conversei com várias pessoas pedindo cautela. Não me sinto culpada pelo dia 8", diz a deputada. Ela reconhece que falas como a de Bolsonaro podem ter estimulado o comportamento golpista de seus apoiadores, mas diz que as condutas devem ser individualizadas e Bolsonaro não pode ser culpado por atos de terceiros.
"Sei que a gente influencia as pessoas. Depois do dia 8, estou sendo bem mais cuidadosa para não ter mais pessoas se enganando. A gente está em outro patamar, agora não é hora de bater no STF, não é hora de fazer manifestação", afirmou a deputada.
A respeito da viagem e permanência de Bolsonaro nos Estados Unidos, Zambelli não vê o comportamento do ex-presidente como fuga e diz que é preciso ser "compreensivo", já que no Brasil ele é alvo de ações judiciais no STF e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "Mas concordo que ele deveria estar aqui para liderar a oposição. A gente teria mais condições, capacidade e força", disse.